São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
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"Sou o passado, não o futuro", diz Sarney

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo presidente do Senado, José Sarney (AP), toma posse hoje dizendo-se disposto a ajudar o governo a votar com rapidez a reforma constitucional.
A eleição de ontem pode representar, segundo amigos de Sarney, o primeiro passo de um projeto político que tem como alvo a sucessão presidencial de 1998.

Folha — O senhor é um aliado do presidente?
José Sarney — Sinto-me no dever de ajudar o presidente no Congresso para que ele possa fazer um grande governo. Vou ajudá-lo a não ter problemas em relação às reformas que deseja. Mas isto não significa abdicar um milímetro sequer na autonomia do Congresso e na harmonia dos três Poderes.
Folha — Qual vai ser a marca da sua passagem pelo cargo?
Sarney — Neste momento, o Congresso precisa recuperar o prestígio perante o país, a imagem que perdeu. Devemos fazer uma reformulação profunda. O Congresso deve ser exemplo em matéria de austeridade, procedimentos administrativos e probidade.
Folha — Seu adversário na disputa pela presidência Pedro Simon propôs limitar o uso da gráfica. Isso faz parte do seu projeto de modernização?
Sarney — Nos anos 60, a Imprensa Nacional censurava os discursos dos parlamentares por ordem do presidente da República. Então, faz parte da autonomia do Congresso ter a gráfica, mas temos que corrigir os excessos.
Folha — O sr. é candidato à presidência da República?
Sarney — Eu sou o passado, não o futuro. Não tenho mais plano nenhum. Se tivesse, não exerceria a presidência do Congresso, que hoje é mais um desgaste do que um acréscimo.
Folha — Sua vitória dá a seu grupo a hegemonia do PMDB?
Sarney — Hoje eu tenho uma folha de serviços prestados ao partido e posso ajudar o PMDB. Como presidente do Congresso, represento o partido e não um grupo.

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