São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
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Banco Central derruba as taxas de juros

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

As taxas de juros do mercado financeiro baixaram ontem, monitoradas pelo Banco Central. Ontem de manhã, o BC emprestou dinheiro por dois dias (de hoje até sexta-feira) no overnight a uma taxa de 5,34% ao mês, que projeta um juro efetivo de 3,25% para fevereiro, contra os 3,36% em janeiro.
O mercado futuro de juros da BM&F reagiu a essa intervenção do BC derrubando a projeção dos CDIs (Certificados de Depósitos Interbancários) para 3,29% em fevereiro e 3,02% em março.
A taxa média do CDB prefixado para grandes investidores recuou para 51,30% ao ano, que corresponde a uma rentabilidade de 3,51% brutos para um período de 30 dias corridos e 20 úteis.
A ajuda financeira conjunta ao México, anunciada ontem pelo governo norte-americano, FMI (Fundo Monetário Internacional) e BIS (Banco para Compensações Internacionais), interrompeu o ciclo de baixas nas Bolsas de Valores.
As cotações na Bolsa paulista dispararam a partir das 15h e o Índice Bovespa fechou com expressiva alta de 8,49%. Mas a valorização não foi acompanhada por um aumento proporcional no volume de negócios, que ontem foi de R$ 247,2 milhões, indicando que os investidores continuam retraídos. No Rio, o Índice Senn fechou em alta de 6,7%.
Nos megaleilões realizados ontem, o BC surpreendeu o mercado. Primeiro, não colocou à venda o lote de NTNs (Notas do Tesouro Nacional) cambiais no valor de US$ 2,42 bilhões com prazo de dois anos.
Depois, recusou todas as propostas de compra dos bancos para o lote de US$ 1,05 bilhão desses papéis com prazo de 181 dias. E vendeu apenas US$ 629 milhões dos US$ 1,02 bilhão de títulos com prazo de 90 dias, pagando uma taxa de 15,6% ao ano mais a variação do dólar.
Logo após o leilão, as NTNs leiloadas ontem estavam sendo negociadas a juros entre 13,5% e 15% ao ano, indicando uma boa demanda por esses papéis. É que as empresas e bancos que lançaram eurobônus no exterior precisam desses títulos para se proteger contra o risco de altas inesperadas do dólar no futuro.
Nos leilões de R$ 1,5 bilhão de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), R$ 3,24 bilhões de LTNs e R$ 6,5 bilhões de BBCs, o BC vendeu todos os papéis.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões renderam, anteontem, em média, 0,122%. A taxa média do over, segundo a Andima, foi de 4,50% ao mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), ainda segundo a Andima, a taxa média foi de 5,38% ao mês.

CDB e caderneta
As cadernetas que "aniversariam" hoje rendem 2,6118%. CDBs prefixados negociados ontem: entre 51,20% e 52,00% ao ano para 30 dias. CDBs pós-fixados de 120 dias: entre 15% e 15,5% ao ano mais a variação da Taxa Referencial.

Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: 6,38% ao mês. Para 30 dias (capital de giro): entre 130% e 157% ao ano.
No exterior
Prime rate: 8,50% ao ano. Libor: 6,50% ao ano.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: alta de 8,49%, fechando com 38.850 pontos e volume financeiro de R$ 247,224 milhões. Rio: alta de 6,7%, fechando com 18.125 pontos e volume financeiro de R$ 15,015 milhões.
Bolsas no exterior
Em Nova York, o índice Dow Jones fechou com 3.843,86 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 18.649,82 pontos. Em Londres, o índice Financial Times fechou a 2.261,30 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,840 (compra) e R$ 0,842 (venda). Estas foram também as cotações médias dos negócios de ontem, de acordo com o Banco Central. "Black": R$ 0,835 (compra) e R$ 0,845 (venda). "Black" cabo: R$ 0,840 (compra) e R$ 0,850 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,830 (compra) e R$ 0,860 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: baixa de 0,49%, fechando a R$ 10,17 o grama na BM&F.

No exterior
Segundo a agência "UPI", em Londres, o dólar fechou cotado a 1,5875 libra. Em Frankfurt, a moeda norte-americana foi cotada a 1,5155 marco alemão. Em Tóquio, a cotação foi de 98,58 ienes. Em Nova York, a onça-troy (31,104 gramas) do ouro fechou a US$ 375,40.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para fevereiro fechou em 3,29% e para março a 3,02% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para fevereiro ficou em 39.400 pontos. No mercado futuro de dólar, a moeda norte-americana para o final de fevereiro fechou a R$ 0,859 e para março a R$ 0,877.

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