São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995 |
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Irã mostra 70 filmes em evento que começa hoje
LEON CAKOFF
Grande parte dos filmes produzidos no Irã no ano passado, incluindo as cinco maiores bilheterias, seguiu o gênero comédia dramática, visando agradar principalmente a crianças e adolescentes. Quase a metade da população iraniana —63 milhões— tem entre 5 e 16 anos de idade. O país conta com o respeitável número de 80 milhões de espectadores em 1994 (1,26 ingressos por habitante). O filme mais visto do ano foi "O Chapéu Vermelho e o Primo", de Iraj Tahmasb, uma comédia com marionetes e ação real baseada na mais popular série de televisão iraniana. Entre os filmes de maior bilheteria está "Olá, Olá, Olha o Passarinho!", curiosamente dirigido por uma mulher, Marzieh Broumand, que repete a fórmula da comédia com marionetes e ação real. Enquanto Kiarostami ganha projeção internacional cada vez maior e diz não ter mais problemas de financiamento para seus filmes —os três próximos projetos terão produção francesa da Ciby 2000— Makhmalbaf parece avesso à fama que seus filmes lhe dão. Os dois autores que fazem escola navegam com desenvoltura no mar de convulsões éticas em que o Irã se transformou desde 1979, quando se instaurou no país a revolução fundamentalista islâmica. Seus personagens sobrevivem obstinadamente e são responsáveis por uma nova onda neo-realista, como na Itália pós-Mussolini com Rossellini e Vittorio De Sica. Com a diferença que no Irã de hoje o símbolo da terra arrasada passou por um terremoto de verdade em 1990, com um terrível saldo de mais de 45 mil mortos, 100 mil feridos e 400 mil desabrigados. Cinema popular é isso, sem pobreza de espírito e sem trapalhões. Texto Anterior: 'Ace Ventura' não requer efeitos especiais Próximo Texto: Grupo vence três American Music Awards Índice |
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