São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Inadimplência chega a 98% e é recorde

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O recorde de vendas em janeiro foi acompanhado por um aumento na inadimplência no comércio paulista. A taxa de inadimplência cresceu 98,4% no mês passado na comparação com igual período de 94, informa a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Marcel Solimeo, economista da ACSP, diz que em janeiro foram recebidos 114.376 registros contra os 57.602 da mesma época de 94.
Na comparação com dezembro passado, no entanto, a inadimplência registra queda de 21%.
"O comércio já está tomando medidas mais rigorosas na concessão do crédito e na sua cobrança", diz Solimeo, para quem a tendência, agora, é de diminuição desta taxa.
A inadimplência cresceu devido ao aumento das vendas e aos maiores prazo no crediário.
Há um ano, diz o economista, as prestações não passavam de quatro meses; hoje chegam a 12 meses. Há mais prestações a quitar e, portanto, mais risco de não pagamento.
"Houve também um certo otimismo do consumidor, que comprometia sua renda em diversas prestações", diz Solimeo.
Para Solimeo, a diferença entre a insolvência atual e aquela registrada nos últimos anos é que a segundo é consequência da recessão e a atual cresce devido ao aumento das vendas.
Francisco Avila, diretor da Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos), diz que o aumento dos títulos protestados, tanto de pessoas físicas como jurídicas, é consequência do aperto da liquidez, que leva os credores a cobrarem mais ostensivamente seus devedores, e do maior consumo.
"Há mais negócios e, portanto, mais probabilidade de não pagamento", afirma Avila.
O número de títulos protestados aumentou 51% em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado e 53% em relação a dezembro de 94.
Para fevereiro, Avila acredita em queda no número de protestos. "Carnaval e menos dias úteis devem retrair este mercado", prevê.

Vendas
A Associação Comercial divulgou ontem o balanço das vendas de janeiro. As consultas ao SPC, que mede o movimento a prazo, aumentou 50% no mês na comparação com janeiro de 94.
O Telecheque, que registra as vendas à vista, terminou o mês com queda de 11,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

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