São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sean Connery retorna em thriller fraco

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

"Just Cause" é um filme de suspense que tem como único destaque seu elenco. O diretor Arne Glimcher resolveu reunir dois atores com estilos opostos de atuação —Sean Connery (ex-agente 007) e Laurence Fishburne (o Ike Turner de "Tina")— e se deu bem.
Mas apesar de bem-sucedida, a idéia não foi suficiente para fazer de "Just Cause" um filme de impacto. É apenas um thriller que tem boas tomadas e roteiro bem intencionado, mas fraco.
O filme é a história de Paul Armstrong (Connery), um professor de direito de Harvard que resolve investigar o assassinato de uma menina de dez anos para tentar salvar o suspeito, que se diz inocente, da pena de morte.
Em um cenário de mangue, jacarés assassinos e muito calor, o filme tem algumas cenas-chave que mantêm o público acordado. Segundo o diretor, a idéia do filme foi travar uma discussão sobre pena de morte em um filme em que "nada é o que parece". Daí vem a idéia de "mocinhos" e "bandidos" se fundirem no atropelado último terço do filme.
Fishburne se empenha tanto no lado bandido de seu personagem que fica difícil saber como foi feita sua conversão em bom rapaz —um dos problemas do roteiro. "O detetive Tanny é no fundo um pai de família que se vê encurralado por um estranho", tentou convencer o diretor na coletiva sobre o filme.
Ele e Connery discutiram durante um ano a adaptação do romance homônimo de John Katzenbach. "O papel de Connery era o de um repórter do jornal "Miami Herald" que investigaria o crime. Achamos mais conveniente a mudança para um professor", disse.
Connery se empenha mas a força da sua imagem não impede a derrapada de "Just Cause", apesar de considerar a história "explosiva" (leia texto nesta página).
Para quem o viu como 007 ou em "Os Intocáveis", vai sair desanimado do cinema. Armstrong é perspicaz, mas é velho, e usa a pouca agilidade que lhe resta.
Esta é a cruel realidade de "Just Cause": tentar adaptar ao cinema uma idéia brilhante todo mundo pode, mas executá-la de forma surpreendente é história bem diferente.

Texto Anterior: Aleksandr Solyenitzin estréia como dramaturgo em Moscou
Próximo Texto: Ator aceitaria papel de pai de 007
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.