São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995 |
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Quando o Carnaval chegar Iniciado o mês de fevereiro, o Exército deixa o comando da Operação Rio e só voltará às favelas cariocas em casos de extrema necessidade, convocado pelo governo estadual. E fevereiro é o mês por excelência do Rio de Janeiro. O Carnaval brasileiro não é só escolas de samba, nem há escolas apenas no Rio, mas a cidade é o mais evidente e legítimo estandarte mundial do Carnaval brasileiro. Logo os mesmos morros que até há pouco eram invadidos por operações militares descerão em festa ao asfalto. Espera-se entretanto que nesse fevereiro a alegria da farra seja também oportunidade para festejo de importantes vitórias contra o crime organizado e o tráfico de drogas. O desafio é enorme, principalmente tendo-se em conta que sobretudo no Carnaval o consumo de drogas costuma aumentar, de par com a própria violência urbana. A atuação das Forças Armadas durante o período de intervenção, aliás, merece registro. Os temores mais sérios, de que a violência transbordasse, de que o crime organizado oferecesse maiores resistências ou de que a própria intervenção se prolongasse indefinidamente, criando uma anomalia institucional, foram sucessivamente afastados. Se no plano concreto os resultados foram escassos, a ninguém escapa que, do ponto de vista da psicologia social, os frutos foram positivos, mesmo que tenha havido alguns exageros notórios. Revelou-se ainda a inviabilidade de uma operação desse teor prolongar-se indefinidamente, como até os militares admitem. A responsabilidade que volta agora às mãos do governo estadual é, portanto, bem maior. Exige-se um aprofundamento rigoroso da reforma do corpo policial. Apenas por extrema ingenuidade seria de esperar que a ação repressora desenvolvida até agora bastasse. Aliás, em termos de prisões e apreensão de armas e drogas os resultados são insignificantes. Mais ainda, é preciso insistir no fato de que, dispensada a ação militar, nem por isso pode ou deve o governo federal eximir-se de cooperar, em especial através da Polícia Federal. O Carnaval está aí, o Exército já não estará lá. Resta saber se o governo estadual está se preparando para ir às ruas com o mesmo empenho e vigor dos foliões. Texto Anterior: Maluf e o fumo Próximo Texto: E agora? Índice |
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