São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Mortes em hemodiálise não serão esclarecidas

Vigilância diz que líquido usado na sessão não foi analisado

ANDRÉ MUGGIATI
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Saúde do Estado de São Paulo, José da Silva Guedes, afirmou ontem, com base nos laudos elaborados pelo Instituto Adolfo Lutz, que não há como dizer de que morreram quatro pessoas em sessão de hemodiálise na Clínica Santa Marcelina no dia 23.
Isso porque o líquido do banho de diálise que era comum aos dez pacientes que estavam fazendo a hemodiálise não é o que foi examinado pelo Adolfo Lutz. O líquido analisado foi colhido no dia 24.
"Não há lei que obrigasse a clínica a ter guardado o líquido", disse o secretário.
No dia 24, o médico Rui Barata, diretor da clínica, disse à Folha que havia guardado o líquido no dia anterior e que o enviaria às análises. Segundo a Vigilância Sanitária, isso não foi feito.
"Com pouco sódio e potássio no líquido, os pacientes passariam a absorver maior quantidade de água e teriam convulsões e edema (excesso de líquido nas víceras)".
Três dos pacientes que morreram tiveram convulsões. Um morreu na hora e dois chegaram a ser socorridos, morrendo a seguir. O quarto paciente teve parada cardíaca e morreu no dia seguinte.
Exames feitos pelo Serviço de Verificação de Óbitos da Faculdade de Medicina da USP apontaram edemas no pulmão de dois dos mortos, como causa da morte.
No laudo divulgado ontem, a Vigilância Sanitária apontou irregularidades na Clínica Santa Marcelina, como falta médicos e de equipamentos para pronto-socorro.
O médico Rui Barata, procurado pela Folha, não foi encontrado.

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