São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Associação de medicina critica plano de Maluf

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Associação Paulista de Medicina, José Knoplich, disse ontem que só "um médico louco" aceitaria formar uma cooperativa para assumir um hospital municipal.
Ele se refere ao PAS (Plano de Assistência à Saúde), projeto da prefeitura que propõe aos médicos dos hospitais da rede pública que formem cooperativas para assumir as unidades de saúde.
"A APM está alertando os médicos para que não aceitem essa proposta", disse ele.
O médico diz ser impossível a cooperativa médica se responsabilizar pela manutenção física do hospital, de seus equipamentos e de toda a folha de pagamento, incluindo os encargos sociais.
"Isso não é possível com os R$ 10,00 por mês que a prefeitura quer pagar por paciente da cooperativa", disse.
Knoplich afirma que os médicos terão que empenhar seus bens pessoais como garantia à cooperativa. "Se uma enfermeira entra com uma ação na Justiça e a cooperativa está no vermelho os médicos vão ter que tirar dinheiro do bolso para pagar", disse.
Knoplich ainda criticou o item que obriga a cooperativa a pagar o tratamento de doentes cujo problema o hospital não tem condições de atender.
"Se chegar um cardíaco precisando de operação e o hospital do município não puder operá-lo, terá que pagar uma operação em hospital particular", disse.
Para o presidente da APM, a prefeitura deveria entregar à cooperativa apenas o gerenciamento do hospital. "Os problemas dos hospitais da prefeitura são de gerenciamento. Isso é o que deveria ser terceirizado", disse.

Prefeitura
A Secretaria Municipal da Saúde divulgou ontem nota oficial contestando as afirmações de Knoplich.
A nota afirma que o presidente da APM "não entendeu alguns aspectos do novo plano. Deveria tirar suas dúvidas com o secretário Getúlio Hanashiro antes de fazer denúncias vazias".
A secretaria afirma que os custos com a manutenção dos prédios podem ser cobertos com o dinheiro repassado pela prefeitura.
"Se os funcionários não pudessem comportar os custos e não pudessem atender melhor à população, a Secretaria da Saúde não se atreveria a querer implantar tal plano", diz a nota.

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