São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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'Amante Bilíngue' tem pretensões em excesso

RICARDO CALIL
DA REDAÇÃO

Filme: O Amante Bilíngue
Produção: Espanha, 1993
Direção: Vicente Aranda
Elenco: Imanol Arias, Ornella Muti
Onde: a partir de hoje nos cines Eldorado 3, Gazetinha e Marrocos 2

Para uma pornochanchada, "O Amante Bilíngue" tem pretensões intelectuais em excesso. Se o filme do espanhol Vicente Aranda se contentasse em expor a beleza de Ornella Muti, intacta aos seus 39 anos, talvez fosse um fracasso menos evidente.
Ornella interpreta Norma, filha única de uma milionária família catalã, que seduz o ventríloquo e acordeonista Juan Marés (Imanol Arias) até as últimas consequências, ou seja, o casamento. Pouco tempo depois, Marés descobre que Norma o trai com engraxates, taxistas, camareiros.
Abandonado pela mulher, Marés volta às "ramblas" de Barcelona para tocar seu acordeon. Desfigurado por um coquetel molotov lançado por fascistas contrários à independência catalã, assume a personalidade do Fantasma da Ópera e parte para a reconquista de Norma.
Aranda, diretor de "Os Amantes", tenta conjugar amor e política em seu roteiro, baseado em romance de Juan Marsé. De um lado, mostra uma Barcelona dividida entre duas nacionalidades —espanhola e catalã. Do outro, faz a investigação de sexualidades perversas —uma sádica e outra masoquista.
Trabalhando sempre com essas dualidades —além da dupla personalidade de Marés—, Aranda chega, paradoxalmente, a um filme sem nuances, que não realiza nenhuma das ambições esboçadas em seu início. Ou melhor, cumpre apenas uma: mostra que Ornella Muti continua capaz de levar os homens do céu ao inferno, sem parada no purgatório.

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