São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 1995
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Gravadoras batem recorde de faturamento

ANTONIO CARLOS DE FARIA
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DO RIO

A indústria do disco no Brasil faturou no ano passado US$ 558,9 milhões. Um recorde para o setor, resultado do crescimento de quase 80% em relação a 93.
Caso as previsões se confirmem, o Brasil deverá saltar do 13º lugar no mercado mundial para a 8ª posição, desbancando o México e ficando logo atrás da Holanda.
Os números estão agitando o mundo das gravadoras. Os executivos da música estão repensando estratégias e abrindo a temporada para novos contratos.
É tempo da busca de talentos desconhecidos, mas falta ousadia na disputa por novos filões de consumo.
Os novos contratos deverão manter um viés conservador. Continuará a tendência dos últimos dois anos, que consagraram o pagode romântico, com um convívio mais discreto da música sertaneja de boutique.
A base para essas projeções, feitas por executivos de grandes gravadoras, é o desempenho das vendagens nos últimos seis meses do ano passado.
Com essa receita, a indústria fonográfica aposta que terá um crescimento de 5% a 10% neste ano. Para o presidente da ABPD (Associação Brasileira de Produtoras de Disco), Manoel Carneiro, 60, esse crescimento pode chegar até 18%. Basta que o setor assuma mais riscos.
Com trinta anos de experiência no mundo da música, ele acha que as gravadoras arriscam pouco no Brasil, preferindo as fórmulas certas do sucesso.
Carneiro afirma que há lugar para novas expressões artísticas, que simplesmente estão morrendo na porta dos estúdios por causa da estratégia segura, mas tímida, dos programadores de lançamentos.
Além disso, Manolo, como é conhecido por seus parceiros de métier, diz que já passou da hora de o país ter lojas que apresentem com mais criatividade e organização o produto que vendem.
"Chega da bagunça que são as lojas de disco, está na hora de uma rede americana entrar no mercado e mostrar o que é concorrência", diz Manolo.

Preços
Ao contrário de outros setores da economia, as empresas de disco não pensam em aumentos, desde que haja sucesso no programa de estabilização.
Prova dessa satisfação é que mesmo com o recorde de faturamento em 94, ainda se produziu menos discos do que na década de 80. Com os preços de hoje, ganha-se mais, com uma produção menor.
No ano passado, foram produzidos no país 63,1 milhões de CDs, discos de vinil e fitas, contra 76,9 milhões em 89. A atual produção representa uma recuperação, depois da recessão do governo Collor, quando a tiragem das gravadoras desceu para a casa dos 30 milhões de cópias.

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