São Paulo, sábado, 4 de fevereiro de 1995
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Prefeitura reduz verba e Estado pára obra

DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas das medidas preventivas contra enchentes foram prejudicadas pelas administrações estadual e municipal ao longo de 94 e em janeiro passado.
O Estado interrompeu o serviço de limpeza do Tietê. Segundo vereadores do PT, a prefeitura diminuiu as verbas destinadas à limpeza de bueiros e canalização de córregos no ano passado.
Ontem, os dois governos atribuíram as enchentes ao volume anormal de chuva ocorrida entre a tarde e a noite de anteontem.
Em cinco horas, choveu o equivalente a 30% do total da média de fevereiro em São Paulo. A média anteontem foi de 67,2 milímetros.
Bueiros entupidos e transbordamento de córregos, responsabilidade da prefeitura, e enchentes provocadas pelos rios Tietê e Pinheiros, que devem ser limpos pelo Estado, causaram alagamentos.
Segundo o vereador Adriano Diogo (PT) e Marcos Barreto, assessor da vereadora Aldaíza Sposatti (PT), a prefeitura teria executado um Orçamento 15% menor do que o previsto em obras de drenagem, canalização de córregos e conservação de bueiro.
O supervisor de Projetos Viários da prefeitura, Eduardo Carvalho, disse não saber se o Orçamento havia sido reduzido.
Assim como Perosa, o supervisor atribuiu às enchentes à ocupação indevida das margens dos rios e córregos, impermeabilização da cidade e às chuvas anormais.
Sobre a enchente na zona oeste, caudada pelo córrego Pirajussara, Carvalho disse que o problema será resolvido em alguns meses, com as obras de ampliação de um trecho de canalização.

Tietê
O DAEE, da secretaria estadual de Energia e Recursos Hídricos, é responsável pela dragagem (limpeza do fundo dos rios) do Tietê.
O DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) interrompeu este trabalho desde a posse de Mário Covas, em janeiro.
Segundo o diretor do DAEE, Antônio Perosa, as verbas para o serviço foram retidas até segunda ordem pela falta de recursos do governo estadual.
Perosa diz que a interrupção do serviço em janeiro não foi a responsável pela cheia do rio Tietê.
Segundo ele, a dragagem foi realizada durante o ano passado e simplesmente procura manter a vazão regular do rio, que deve suportar, sem encher, chuvas de até 45 milímetros.
O diretor do DAEE diz que o efeito da interrupção da dragagem será proporcional ao tempo de paralisação do serviço. Cada mês sem limpeza equivale a diminuição de um doze avos da capacidade de vazão do rio.
O serviço só deve ser retomado em abril. Pelos cálculos de Perosa, nesse mês o rio estará suportando um fluxo 25% menor de água.
Ele disse que o Estado está esperando aval do governo federal para obter um empréstimo japonês para realizar obras para o rebaixamento do fundo do rio, que resolveriam definitivamente as enchentes causadas pelo Tietê.

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