São Paulo, segunda-feira, 6 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Partidos se consolidam após impeachment

MAURICIO PULS
DA REDAÇÃO

A participação dos cinco maiores partidos na Câmara dos Deputados vem crescendo desde o impeachment de Fernando Collor, em 29 de setembro de 1992.
Naquele mês, as bancadas dos cinco principais partidos perfaziam 62,2% do total de deputados. A participação subiu para 64,4% em março de 1993 e 68,4% no início de 1994. Com a posse dos novos deputados, soma 70,2%.
Essa evolução mostra uma reversão da tendência de fragmentação partidária que marcou os governos de José Sarney (1985-90) e Fernando Collor (1990-92).
Tal fragmentação, que atingiu principalmente o PMDB, fez com que o peso dos cinco maiores partidos declinasse de 92,8% em 1987 para 63,2% em 1991, alcançando o ponto mais baixo em 92.
A intensa movimentação dos parlamentares na época refletia a desagregação do sistema partidário. A eleição de Collor foi um sinal de crise: o presidente eleito em 1989 pelo PRN não representava nenhum dos grandes partidos.
O ministério de Collor reforçava o distanciamento do Executivo em relação ao sistema partidário: nenhum ministro foi indicado pelas principais correntes, ao contrário do que ocorreu nas gestões de José Sarney e Itamar Franco.
A tendência de fragmentação prosseguiu até 1992, quando Collor entregou ministérios aos partidos conservadores. Mas, a estratégia não evitou sua queda.
Com o impeachment, a dinâmica do sistema partidário sofre uma inflexão. Começa um processo de concentração, que vem reduzindo a participação dos pequenos partidos no Legislativo. Esse processo guarda certa correspondência com a evolução da taxa de eleitores que apóiam os pequenos partidos.
Pesquisas do Datafolha revelam que a taxa de eleitores que apóiam os pequenos partidos subiu de 3% em abril de 89 a 7% em setembro de 92, declinando em seguida até alcançar 2% em dezembro de 94.
O movimento de concentração dos deputados atingiu mais os partidos conservadores —derrotados com a queda de Collor. A rearticulação que se seguiu resultou no esfacelamento do PRN e na fusão de quatro partidos de vertente liberal.
Em janeiro de 1993, o PTR liderado pelo governador Joaquim Roriz (DF) se fundiu com o PST de Álvaro Dias, originando o PP. Em abril, o PDS liderado pelo prefeito Paulo Maluf se fundiu com o PDC, surgindo o PPR.
Outro fato foi a transferência, em 1993, dos deputados do PRS para o PTB. O número de partidos na Câmara também diminuiu, de 19 em 94 para 18 neste ano.
O processo não terminou: deputados de legendas menores já migram para os grandes partidos logo após a posse.

Texto Anterior: Consumidor é contra aumento da alíquota
Próximo Texto: Conservadores têm evasão alta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.