São Paulo, segunda-feira, 6 de fevereiro de 1995
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Retrospectiva e exposição mostram trabalhos do cineasta em Nova York

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

A abertura da retrospectiva de Nelson Pereira dos Santos na última sexta-feira no The Film Society do Lincoln Center, em Nova York, reuniu mais de 300 pessoas para a apresentação de "A Terceira Margem do Rio".
A retrospectiva inclui uma exposição com fotos e cartazes dos filmes que serão exibidos e um tablóide de 48 páginas com textos sobre Nelson Pereira dos Santos e o Cinema Novo.
O cineasta se disse feliz com a retrospectiva de seu trabalho em Nova York. "É a primeira vez que é realizada uma mostra do meu trabalho aqui, acompanhada de tantas atividades." Santos realizou palestras nas universidades de Nova York e Harvard.
Sobre o filme "As Lágrimas Amargas do Cinema da América Latina", que integra a série "O Século do Cinema" —projeto do British Film Institute com 18 cineastas do mundo todo—, Santos afirmou que deve concluir as filmagens até 15 de fevereiro. "O filme deve ser levado a Cannes e estou na última etapa com filmagens em estúdio no Rio", disse.
Seu próximo filme deve ser uma produção conjunta Brasil-Dinamarca sobre a vida do cientista William Lund, que descobriu em Lagoa Santa (Minas Gerais), um ancestral do homem que provocou discussões no meio científico.
Santos já está trabalhando no roteiro e produção do novo projeto, que deve ser multilinguístico. "O filme deve se chamar 'O Homem da Lagoa Santa', e terá tomadas na Dinamarca, França e Brasil."

Repercussão
O jornal "The Village Voice" publicou na sua última edição crítica sobre a mostra. "A arte de Santos está na sua habilidade em mostrar o constragimento de pessoas comuns e transformar cenas de emboscadas e luzes em vulto em pinturas luxuriantes", comentou o crítico Ed Morales. Os jornais "Dailly News" e "New York Post" também noticiaram a retrospectiva.
Mas o público que viu "A Terceira Margem do Rio" saiu dividido. Para a cineasta Paige Taylor, o filme não trouxe novidades e pecou pela falta de preocupação em conquistar o espectador. "Não considero este um filme de entretenimento. Não gostei."
Para o representante da ONU em intercâmbio cultural, Edmundo Timm, 28, o filme é um registro do que é o Brasil. "Mostra como lá impera a lei do valente. É algo que acho que nem todo estrangeiro entende porque não vive isso", disse.

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