São Paulo, quinta-feira, 9 de fevereiro de 1995
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FHC diz adorar o poder e se sente feliz

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Como todo governante em início de mandato, Fernando Henrique está feliz. A despeito da erosão detectada pelo Datafolha em seus índices de popularidade -caiu de 70% para 36% num único mês- o presidente está adorando o convívio com o poder.
É o que atestam os seus últimos interlocutores, recebidos no Planalto. Mesmo quando se refere às limitações que lhe são impostas pela liturgia do cargo, Fernando Henrique preocupa-se em apresentar contrapontos positivos.
Diz, por exemplo, que se sente como um "prisioneiro no Palácio" (da Alvorada), sua residência oficial. Mas derrete-se em elogios à "prisão" -um "local muito confortável". E lista os pontos da obra de Niemeyer que mais o agradam: "Os aposentos amplos, a biblioteca, o cinema, a piscina e a boa sala de refeições".
Ante a observação de que o Alvorada é isolado e excessivamente silencioso, FHC retruca: "É um ótimo lugar para ler".
Nem mesmo a dor nas costas empanou o bom humor de Fernando Henrique. Aliás, o presidente se esforça para negar que esteja com problemas na coluna. "Já estou bom", diz. Os passos algo forçados e a delicadeza dos movimentos que executa no instante em que se senta o desmentem.
O presidente explica que a coluna o maltrata há anos. Sem mencionar datas, relembra o tombo espetacular que sofreu em sua casa de Ibiúna. Despencou de uma altura de dois metros. "Caí num alçapão da adega. A tampa, de madeira, apodreceu". O alçapão e a coluna do presidente jamais foram os mesmos. O primeiro ganhou uma tampa de ferro. A segunda, uma dor infernal.
"O sr. não teme se isolar nos palácios, distanciando-se da sociedade, cercado por áulicos?" O presidente responde: "Não. Aqueles que hoje me cercam são os que sempre estiveram do meu lado. Nem eu, nem minha família somos dados a deslumbramentos".

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