São Paulo, quinta-feira, 9 de fevereiro de 1995
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Equador bloqueia acesso da imprensa

DO ENVIADO ESPECIAL E DA FRANCE PRESSE

As Forças Armadas do Equador bloquearam definitivamente o livre acesso da imprensa internacional às bases militares e aos destacamentos na fronteira com o Peru.
A justificativa é que os jornalistas estariam revelando detalhes importantes das operações militares que poderiam servir para os inimigos peruanos.
Os militares negam que a proibição tenha relação com os rumores de que o Peru já controla alguns postos equatorianos.
O Exército bloqueou ontem a estrada de 15 km que liga Mendez a Patuca, onde funciona o Comando de Operações Bélicas na Selva.
Os jornalistas não podem entrar em Patuca e os militares afirmam que estão organizando um esquema para que um representante de cada modalidade (jornal, TV e fotografia) visite uma das bases.
A base não seria necessariamente uma das que estão sendo atacadas e as informações colhidas teriam de ser filtradas para "não revelar detalhes aos inimigos".
Antes, os jornalistas podiam visitar todas as bases, desde que acompanhados por um militar. Não havia restrições às informações colhidas nestes locais.
Sobre a imprensa do Equador, o controle militar passou a ser pessoal e direto.
Ontem, um capitão que não quis revelar seu nome repreendeu abertamente nas ruas de Mendez o jornalista Esteban Michelena, do diário "El Comercio", de Quito, por não concordar com uma de suas reportagens.
Michelena relatou que um índio chuara morto como soldado teria sido enterrado "sem nenhuma honra militar".
O capitão interpretou o comentário como afirmação de que o Exército equatoriano estaria menosprezando seus mortos.
Em Bagua Chica, do lado peruano, os jornalistas têm sido mantidos sem acesso a qualquer informação relacionada ao conflito. Os comandantes peruanos têm impedido o acesso ao pessoal civil e militar e aos médicos e enfermeiros que cuidam dos feridos.
Dois jornalistas foram detidos nos últimos dias pelos militares peruanos e outros tiveram seu material confiscado.
O comando operacional peruano na base de El Milagro agora está impedindo que jornalistas vejam os soldados que chegam feridos da frente de combate.
Em Lima, a Associação dos Correspondentes Estrangeiros no Peru protestou domingo contra a "discriminação inexplicável".

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