São Paulo, quinta-feira, 9 de fevereiro de 1995
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Empréstimo à Varig; Genocídio sem cadáver; Golden Cross; Reserva de mercado; Maluf politicamente correto; Stones por Gerald Thomas

Empréstimo à Varig
"Refiro-me à coluna 'A volta do cartel aéreo', assinada pelo sr. Luís Nassif, em 31/01, na qual o articulista emite opinião sobre a idoneidade profissional da diretoria do Banco do Brasil. O colunista apresenta e comenta uma série de dados incorretos sobre recente operação financeira entre o banco e a Varig. Esclareço, autorizado pela Varig (sigilo bancário), diversas incorreções veiculadas. O valor correto do empréstimo é de US$ 155 milhões, em vez de US$ 250 milhões informados na coluna. A operação em IDUs foi aprovada pelo valor de US$ 144 milhões. A pedido da própria Varig, o negócio foi reduzido para US$ 55 milhões. Se a operação fosse com juros 'módicos' e com benefício para a Varig, certamente aquela empresa não recusaria o valor integral. Em vez de 4% ao ano, a taxa final com o deságio atinge 20% ao ano. As operações foram contratadas com 130% de garantias reais (hipotecas em 1º grau) e, mais, fiança de um 'pool' de bancos credores da Varig. É falsa, portanto, a informação de que o BB substituiu em seus ativos 'títulos com garantias do Tesouro por créditos de alto risco (...) da Varig'. A referida operação teve o trâmite normal de empréstimos desse porte, com parecer de diversas instâncias do banco, diferentemente do que o publicado pelo colunista. Diante do elenco de inverdades veiculadas pelo jornalista, permito-me duas interpretações: 1. ou o sr. Luís Nassif é um incompetente, irresponsável, que escreve sobre assunto que não entende, trabalha sobre informações que não foram checadas (contrariando princípios técnicos e éticos da profissão), repassando dados errados para a sociedade, cometendo falha grave; 2. ou o sr. Luís Nassif funciona como colunista de aluguel, que abriga em seus espaços editoriais-lobbies de grupos que não têm coragem de colocar às claras seus interesses, não raras vezes escusos. Qualquer que seja a hipótese, no estágio atual da democracia brasileira, a sociedade ainda carece de meios para evitar que espaços jornalísticos sejam utilizados irresponsavelmente."
Alcir Augustinho Calliari, presidente do Banco do Brasil (Brasília, DF)

Resposta do colunista Luís Nassif — 1) A coluna jamais colocou em questão a idoneidade da diretoria presidida pelo sr. Calliari. O que sempre enfatizou foi sua profunda incompetência, corporativismo exacerbado e irresponsabilidade em relação ao futuro da instituição. 2) No início do real informei que a falta de ajustes internos acarretaria prejuízos ao banco. A resposta desse brilhante polemista foi uma carta tatibitate garantindo que todo o setor financeiro penaria com a redução da inflação —menos o BB. E quem pensasse o contrário estaria fazendo lobby do setor privado. O BB foi o único banco do país a registrar prejuízo nas últimas décadas. 3) O patrimônio líquido da Varig é de US$ 60 milhões. O financiamento concedido, de US$ 155 milhões. Em vez retórica vazia, que apresente as garantias reais capazes de explicar essa aritmética. 4) No mercado não existe nenhuma linha de financiamento superior a 36 meses. E, no momento, essas linhas não estão disponíveis nem para empresas sólidas. 5) Quem tem motivo para ser colocado sob suspeição é quem autoriza operação desse porte, disponível para apenas uma empresa —não quem a denuncia.

Genocídio sem cadáver
"Parece não subsistirem mais dúvidas de que o propalado 'genocídio' ianomâmi jamais existiu. Com a desinformação generalizada da época, açodamento de uns e má-fé de outros, criou-se contra o próprio país uma imagem que beirou o mais abjeto primitivismo de civilização. Informamos que, tão certos estávamos de que nenhum crime havia acontecido, de imediato solicitamos, junto com seis outros sindicatos, uma investigação rasa, geral e completa. Trata-se de um 'genocídio' sem cadáver, até hoje. Estamos sendo colocados como bode expiatórios, e a infâmia contra nós assacada (nós e o nosso país) é pior do que a falsa história da pornografia com crianças numa escola aí em São Paulo, e onde nada havia acontecido. Entretanto, a imprensa ainda não fez o seu 'mea culpa' no nosso caso."
Crisnel Francisco Ramalho, presidente do Sindicato dos Garimpeiros do Estado de Roraima (Boa Vista, RO)

Golden Cross
"Repudiamos o ataque gratuito desferido pelo sr. Caio Túlio Costa, no artigo opinativo 'Tem saída', na Revista da Folha de domingo passado, que empregou a expressão 'das golden cross da vida', numa clara tentativa de denegrir e vulgarizar o nome da entidade. A Golden Cross orgulha-se de ser 100% brasileira e ter atingido, em apenas 23 anos de existência, a condição de maior instituição de assistência médica privada da América Latina e quarta maior do mundo. Liderando um mercado disputado por mais de 400 empresas concorrentes, a qualidade da Golden Cross é reconhecida pelo expressivo quadro de 2,6 milhões de associados e segurados. O ataque do sr. Caio Túlio foi infeliz, desnecessário e, sobretudo, injurioso. Temos absoluta certeza de que o jornal não compartilha a mesma opinião do articulista. Até porque, a Golden Cross foi durante muito tempo —seis anos e meio— o plano de saúde da própria Folha."
Cláudio Monteiro, assessor de Imprensa da Golden Cross em São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Caio Túlio Costa — Repudio eu a oportunista resposta da Golden Cross. No 'Posfácio', apenas critiquei todas as golden cross da vida que trabalham com prazos de carência e não tratam centenas de doenças. Estou errado?

Reserva de mercado
"São Paulo e outros municípios brasileiros convivem com leis que impedem a abertura de novas farmácias num raio, a partir de qualquer estabelecimento já existente, que vai de 200 metros (caso de São Paulo) até 800 metros (caso de São Vicente). Esta reserva de mercado é feita a partir da solicitação dos proprietários de farmácia, que temem a concorrência e não se preocupam se os moradores vão ter melhor serviço ou não. Por que os municípios não fazem leis que impeçam a entrada dos mcdonald's ou dos carrefours da vida? Por que escolhem um setor que afeta toda a população?"
Ronaldo J. N. de Carvalho, diretor-superintendente da Drogaria São Paulo (São Paulo, SP)

Maluf politicamente correto
"Notícia da edição de 31/01, informando que fumar em estabelecimentos comerciais será proibido, confirma uma velha característica de Paulo Maluf: o autoritarismo. E mostra uma nova faceta do seu jeito pessoal e permanente de ser 'esperto': explorar o filão do que é politicamente correto."
J. M. Kornbluh (São Paulo, SP)

"Parabéns ao dr. Paulo Maluf pelo decreto que proíbe o cigarro em restaurantes, lanchonetes e choperias. O contrário, sim, seria um cerceamento à liberdade individual, fazendo com que os não-fumantes tenham que suportar os efeitos desse vício."
Sandra M. G. de Abreu (São Paulo, SP)

Stones por Gerald Thomas
"Transmitam ao ilustre e sempre reconhecido nas ruas teatrólogo 'sir' Gerald Thomas a minha sugestão para que não passe mais pelo vexame de ser confundido com um fã deste 'tal de Mick Jagger' (caderno Rolling Stones, edição de 30/01). Ensaie em Londres. Lá quase não chove! E quando chove não molha. E que leve junto o paraibano Argemiro para lhe ministrar aulas de simpatia que lhe serão muito úteis no caso de novas vaias londrinas."
Flavia Renault Orsini (Belo Horizonte, MG)

"Acho inacreditável o espaço que Gerald Thomas tem na mídia brasileira e, principalmente, na Folha."
Carla Maggio (São Paulo, SP)

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