São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 1995
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Lula prefere 'dar um tempo' a FHC

REINALDO AZEVEDO; AMÉRICO MARTINS
EDITOR-ADJUNTO DE POLÍTICA

AMÉRICO MARTINS
Ao completar 15 anos, o tempo é a palavra-chave da estratégia política do PT segundo Luiz Inácio Lula da Silva, que reassume no sábado a presidência do partido.
Tempo para o presidente Fernando Henrique Cardoso pôr em prática seu programa de governo, tempo para o amadurecimento da sociedade brasileira, tempo para o próprio Lula traçar, no emaranhado de tendências e correntes do partido, a sua trajetória pessoal: "Minha cabeça não está pensando em 98", diz.
O líder máximo do PT está interessado em mostrar que seu partido, hoje, se ainda ladra, não morde. Se faz oposição, não pode "aparecer para a opinião pública babando como se estivesse desejando que as coisas não dessem certo". Embora acredite que o partido se mantém inequivocamente na oposição, não tem dúvidas de que o PT já babou demais.
Lula compreende, mas não recomenda, que petistas integrem o governo FHC, a exemplo de Francisco Weffort (ministro da Cultura) e da ex-deputada Irma Passoni (virtual assessora do ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
Ao justificar seu silêncio em relação à opção de seus "companheiros", ao explicar por que se negou a fazer uma crítica política dos ex-petistas, Lula diz ter reagido "como ser humano". E acrescenta: "É uma questão de civilidade. A gente não perde nada em ser civilizado".
Corado, bem-humorado, o petista desenha o futuro do partido nos 15 anos que estão por vir.
Pulôver azul de mangas compridas, pequenos óculos para leitura na ponta do nariz e cigarrilha mais discreta do que charutos cubanos, Lula parece mais próximo do PT de gravata (a sua era azul, com detalhes de várias cores) do que do PT de macacão.
Está mais para o Estado regulador, social—democrata (no Brasil, um feudo, intelectual ao menos, de FHC) do que para o Estado intervencionista, socialista, que já embalou os sonhos do partido.
Abaixo, os principais trechos da entrevista, concedida à Folha na manhã de ontem, na sede do partido, em São Paulo.

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