São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 1995 |
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Guy Delage completa a travessia solitária do Atlântico em 56 dias
ANDRÉ FONTENELLE
Delage, 42, percorreu cerca de 3.900 km. Ele nadava de dia e, à noite, dormia em um barco, que, ajudado por piloto automático e pelas correntes marinhas, derivou na direção do Caribe. Depois de escapar dos tubarões durante a travessia, o nadador foi atacado por jornalistas e curiosos ao chegar à praia de Miami Bay, no sul de Barbados, às 10h (hora de Brasília). "Tive vontade de dar um soco em um", disse depois. Posto em observação médica durante algumas horas, Delage, após quase dois meses sem ficar de pé (devido ao espaço exíguo do barco, de 11,25 m2, corre o risco de ter problemas circulatórios. "É um mundo de azul, de sonho, sem poluição. Vou sentir falta dos cardumes de douradas que me acompanharam. Elas me salvaram dos tubarões, me alertando", relatou à TV francesa. O nadador correu perigo durante a travessia. Encontrou tubarões quatro vezes; numa delas, foi atacado e salvou-se com um pontapé no predador. Além disso, em 21 de janeiro, quase perdeu o barco, que se distanciou e sumiu de vista. Segundo Delage, foi o momento em que mais sentiu medo. Uma semana depois, uma tempestade quase o fez naufragar. As últimas 48 horas da travessia foram difíceis, afirmou o francês, que teve que enfrentar ondas altas e escapar dos recifes. Nesse esforço, ele quebrou um dedo do pé. Delage calcula ter nadado 1.200 km. O restante foi percorrido à deriva no barco. É impossível avaliar o quanto ele nadou: o computador de bordo, que transmitia a Paris, por satélite, seus dados fisiológicos, pifou em 5 de janeiro. Ele fez questão de ressaltar o valor científico de seu feito. Para sua travessia, foram desenvolvidos um novo tipo de pé-de-pato e de máscara de mergulho. (AFt) Texto Anterior: Adolescentes desmarcam as atividades pelo All-Star Próximo Texto: Nadador afugenta tubarão Índice |
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