São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 1995
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Musical tem seu canto de cisne

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Por um momento, foi como se Bob Fosse tivesse feito o musical renascer. Em lugar do descompromisso que foi a marca do gênero desde que o cinema sonoro apareceu, "Cabaret" (Globo, 1h30) propunha uma visita à Alemanha dos anos 30, tornando-se hitlerista, sem por isso perder o seu encanto.
Mais, dava a Liza Minnelli, filha de Judy Garland e Vincente Minnelli —dois monstros sagrados do gênero— o grande papel de sua vida.
A história se passa em dois níveis. No Kit Kat Club, em Berlim, a norte-americana Sally (Liza) tenta fazer decolar sua carreira. Paralelamente, ela encontra Brian (Michael York), faz amizade com judeus (em particular Marisa Berenson, que surgia nesse momento como grande promessa).
Quem une o todo —do canto à política, do interior do cabaré ao mundo externo— é um mestre de cerimônias (Joel Grey). Existe uma espécie de rito de passagem do musical, nas atividades de Grey, do descompromisso a um olhar mais sério para as coisas, que não é sem importância para que o conjunto se aguente.
É também um filme curioso. Em pouco tempo a carreira de Bob Fosse definhou, Liza Minnelli nunca reencontrou o mesmo élan, de Grey e Berenson, nem se fala.
Hoje este filme parece o exemplar único de uma porta que se abriu para parte alguma, canto de cisne do gênero. Mas a sua beleza, a atração que exerce sobre o espectador, continua lá.
(IA)

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