São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
A mãe é a vilã em 'Paixão Assassina' Jamie Lee Curtis e Peter Gallagher em "Paixão Assassina" JOSÉ GERALDO COUTO
Produção: EUA, 1994 Direção: Yves Simoneau Elenco: Jamie Lee Curtis, Peter Gallagher, Joanne Whalley-Kilmer, Vanessa Redgrave Onde: a partir de hoje nos cines Metro 1, Gemini 1 e Calcenter 2 O mundo está ficando mesmo muito complicado. Antigamente, as mães eram as heroínas, e as madrastas, as vilãs. Hoje em dia é o contrário, pelo menos a julgar por este "Paixão Assassina". Nele, Jamie Lee Curtis é a mãe desnaturada que abandona marido e três filhos sem mais nem menos e depois de três anos —também sem mais nem menos— volta para reconstruir a família na marra. Só que neste intervalo de tempo o bom pai abandonado (Peter Gallagher) arranjou uma namorada, a boa madrasta Joanne Whalley-Kilmer. Contra ela, a mãe má vai usar todos os recursos que a perversidade feminina pode conceber, não hesitando nem mesmo em colocar em risco a saúde física e mental de seus próprios filhos. Desse esquema de melodrama maniqueísta deslavado, que lembra "Kramer versus Kramer", o filme evolui para um suspense pesado, em que tudo é excessivo. A começar pela sucessão de desastres: numa só noite, uma criança e dois adultos sofrem tombos graves, outro quebra uma vidraça com a mão, um carro cai numa ribanceira, uma pessoa despenca no abismo. Fora os sustos. Excessivos são também a música grandiloquente e a pseudosofisticação visual: imagens vistas através da água ou de vidros distorcedores, abuso da câmera lenta, iluminação expressionista-publicitária, enquadramentos esdrúxulos. O diretor canadense Yves Simoneau constrói seu filme como se fosse um Joseph Losey degenerado, que tentasse compensar trama capenga e personagens rasos com uma sobrecarga de ênfase estética. Uma última pergunta: por que, desde Adão e Eva, e sobretudo na puritana América, a mulher sexy é sempre o mal personificado? Texto Anterior: Trilha resgata hits dos anos 60 Próximo Texto: André Milan exibe miniaturas americanas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |