São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 1995
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Novo ataque do Peru amplia a guerra

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A PATUCA (EQUADOR)

As Forças Armadas do Peru ampliaram ontem a guerra com o Equador e atacaram duas bases equatorianas distantes da cabeceira do rio Cenepa.
Foram atacadas as bases Norte e Ocidental, fora da área de 350 km2 que os dois países disputam na fronteira.
"Os peruanos passaram a bombardear setores que nada têm a ver com o conflito", disse o coronel José Grijalba em Patuca, onde funciona o comando bélico de operações na selva do Equador.
Nos últimos dias, segundo o Equador, ataques peruanos restringiram-se a bombardeios aéreos.
Os peruanos partem para ofensiva quase sempre em missões de três aviões e três helicópteros.
Grijalba afirmou que há uma grande "inquietude" com a suspeita de que os peruanos estão utilizando armas químicas.
Segundo ele, isto ainda não está oficialmente confirmado.
As Forças Armadas do Equador voltaram a negar que algumas de suas bases tenham sido tomadas pelos peruanos.
O Peru diz que já controla os destacamentos de Base Sur e Cueva de los Tayos.
O coronel equatoriano Grijalba confirmou ontem ataques peruanos a populações civis próximas às zonas de conflito. "Bombardearam o povoado de Fátima e um outro que ainda não posso revelar", disse.
Segundo ele, os bombardeios "têm a clara intenção de atemorizar a população equatoriana, que está muito unida".
Os povoados bombardeados, próximos à cidade fronteiriça de Qualaquiza, estavam evacuados no momento dos ataques.
As Forças Armadas do Equador informaram ter capturado um peruano ferido em combate que contou aos militares que o Peru torturou até à morte o soldado equatoriano Jorge Ique, 31.
Segundo Grijalba, o peruano morreu depois de interrogado. Duas horas depois, o equatoriano Ique teria sido encontrado com um braço quebrado, vários tiros nas pernas e outro na nuca.
O coronel disse que já foi comprovado que os peruanos estão usando drogas para entrar na frente de combate. "A tal ponto que passam sobre os feridos e cadáveres dos companheiros, disparando sem controle."
Segundo o Equador, as tropas equatorianas na fronteira já teriam sido substituídas por novos soldados desde o início do conflito.
Grijalba revelou também que no início do conflito tentou negociar diretamente uma solução pacífica com um general peruano, que identificou como Lopez.
"Enquanto conversávamos, ele infiltrou gente em nosso território e estava prestes a instalar um destacamento quando descobrimos. Rechaçamos a todos."
O presidente do Peru, Alberto Fujimori, visitou áreas onde o Exército de seu país está tratando seus feridos de guerra. Imagens da TV mostravam Fujimori ajudando a carregar feridos a bordo de seu avião para conduzi-los a Lima.

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