São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Stephanes descarta derrubada ao veto

MARTA SALOMON; SILVANA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Reinhold Stephanes (Previdência Social) disse ontem que o governo não corre o risco de ver derrubado no Congresso o veto do presidente Fernando Henrique Cardoso ao aumento do salário mínimo para R$ 100.
Stephanes não concorda com a avaliação feita pelo senador Antônio Carlos Magalhães (BA), seu colega de PFL, de que o veto poderá ser derrubado por deputados e senadores se o valor do mínimo não for aumentado imediatamente.
O ministro afirmou, porém, que não haverá problemas na Previdência para pagar à maioria dos aposentados e pensionistas o reajuste dos benefícios de acordo com o novo valor do salário mínimo em maio, estimado em cerca de R$ 90. "Dá para bancar o reajuste", garantiu.
"Não há risco com o veto", disse o ministro à Folha. O principal argumento de Stephanes —junto com outros caciques do PFL, como o presidente da Câmara, Luiz Eduardo Magalhães (BA), e o presidente do partido, Jorge Bornhausen— é de que o veto dificilmente será votado antes de maio.
O veto ao mínimo de R$ 100 reais só será apreciado pelo plenário depois que os parlamentares votarem outros 55 vetos acumulados na pauta do Congresso.
Este calendário é que garante tranquilidade à cúpula política do governo para manter em R$ 70 o valor do salário mínimo, como defende a área econômica.

Arrecadação
Stephanes informou que a receita da Previdência em fevereiro deverá ultrapassar a previsão inicial de R$ 2,356 bilhões.
O ministro mantém um acompanhamento diário do comportamento da arrecadação e se mostrou satisfeito com o resultado apurado nos primeiros dias do mês.
Segundo o ministro, as contas com o pagamento de benefícios apresentaram sobra de R$ 6 milhões no mês passado. Ele considera o valor "insignificante", mas em fevereiro, a "folga" deverá ser maior, prevê.
Apesar do desempenho da arrecadação, o ministro não vê chances de o valor do salário mínimo ser aumentado antes de maio, data prevista em lei para recompor perdas ocorridas desde julho, quando o real entrou em circulação.
O valor do reajuste será equivalente ao IPC-r apurado entre julho e abril. Segundo as previsões do governo, deverá ultrapassar 25%.
Stephanes disse que o valor do mínimo é um assunto que "angustia" o presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas o ministro insiste que o aumento está condicionado à aprovação da reforma na Previdência.

Texto Anterior: Tesouro tem superávit de R$ 64 mi em janeiro
Próximo Texto: Sistema único exclui servidores
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.