São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995
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Lula critica petistas de gabinete

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em São Paulo, durante a cerimônia de aniversário dos 15 anos do PT, que o partido precisa voltar às ruas e reverter a tendência comodista de "só falar com o povo pela televisão".
"Um dos grandes dilemas do PT hoje é que o partido virou um pouco vanguarda, em que ninguém mais quer carregar o piano, quer só tocar o piano", afirmou ele, em referência a políticos do partido que se deixaram seduzir pelos carpetes dos gabinetes.
Segundo Lula, que deve reassumir hoje a presidência do PT, o partido deve manter-se "intransigente" na defesa e na organização dos setores marginalizados da sociedade civil.
Lula também afirmou que "as bases do partido têm o direito de dizer que a direção está errada".
Para ele, a "guerra interna" entre as várias forças de esquerda que compõem o partido não vai "triturar o PT".
"O PT não é um corpo de pensamento único. O PT sempre sobreviveu às crises, o PT convive com a diversidade", afirmou Lula, criticando os que cobram um partido monolítico.
O líder petista citou o presidente Fernando Henrique Cardoso em seu discurso no Parlatino (Parlamento Latino-Americano).
Segundo Lula, FHC foi um dos cientistas políticos "que achava impossível criar um partido da classe trabalhadora". Afirmou também que FHC fez coro com intelectuais que diziam que o PT "fazia o jogo da ditadura, que era dividir o PMDB".
Na cerimônia, foi lançada a campanha nacional de filiação e refiliação de militantes. Lula preencheu a ficha nº 1.
Também se filiaram publicamente o ator Sérgio Mamberti, as atrizes Camila Pitanga, 17, Lucélia Santos, 37, e vários filhos de militantes do partido.
O filiado vai ganhar carteirinha e livro de bolso do PT. Hoje, estima-se que o partido tenha 700 mil filiados.
Vários partidos de esquerda da América Latina mandaram representantes. Entre eles, Frente Ampla (Uruguai), Partido da Revolução Democrática (México), Frente Sandinista de Libertação Nacional (Nicarágua), Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador), PC da Colômbia, PC do Peru (Pátria Roja) e PC de Cuba, cujos quatro integrantes foram aplaudidos de pé.
O Hino Nacional foi tocado pelo trombonista Matias Capovilla, da banda Heartbreakers.
A Internacional (hino socialista) também fez parte da trilha sonora e foi aplaudida de pé por petistas liderados por Markus Sokol, da tendência "O Trabalho", a extrema-esquerda do PT.

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