São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995
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Reunião da Sudene vira palanque de governadores

LÚCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

Erramos: 13/02/95
Antônio Mariz é governador da Paraíba e não de Pernambuco, conforme foi publicado erroneamente em subtítulo desta reportagem em alguns exemplares desta edição.
A primeira reunião da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) deste ano manteve a tradição de ser um palanque eleitoral cheio de discursos vazios e propostas de seriedade discutível. Um dos governadores presentes chegou a saudar os "presidiários" da mesa.
Depois de pedir ao ministro José Serra (Planejamento) a instalação da refinaria da Petrobrás no Piauí, o governador Francisco de Moraes, o "Mão Santa", aproveitou para elogiar a "beleza" da governadora Roseana Sarney (MA): "O mais bonito não são os olhos do Tasso (o governador do Ceará tem olhos verdes). É a beleza de Roseana".
Em outro momento, quando fazia um relato sobre um projeto de um grupo japonês no Piauí, afirmou: "Eles devem saber que o Estado tem potencial. Os japoneses são muito mais inteligentes e trabalhadores do que nós".
O governador Divaldo Suruagy (AL) fez um relato das dificuldades enfrentadas pelo setor canavieiro.
E aproveitou para pedir a Serra apoio para conseguir uma audiência de representantes do setor com FHC. Os usineiros querem renegociar suas dívidas com o Banco do Brasil.
Serra disse que não estava ali para fazer promessas.
No fim do encontro, o governador Tasso Jereissati (CE) criticou a falta de um debate sobre políticas regionais: "Não tem mais sentido que os governadores se desloquem todo mês para ficar discutindo e aprovando projetos de interesses regionais".
O presidente da Contag, Francisco Urbano, representante das classes trabalhadoras, criticou a forma de investimento do governo no Nordeste. Disse que os recursos repassados para os canavieiros não beneficiam os trabalhadores.
"É nos canaviais que temos os maiores guetos de miséria. Se não é escravidão, é algo muito parecido com escravidão", disse.

Susto
Susto mesmo provocou o governador Antônio Mariz (PMDB-PB) ao afirmar que a mesa estaria "cheia de ex-presidiários". Explicou que se tratavam de "ex-presos políticos".
Mariz disse ainda que o ministro da Justiça poderia ficar tranquilo: "Estão todos recuperados para a vida social". O ex-preso político presente mais ilustre era o governador Miguel Arraes (PE). Serra, ex-exilado, não chegou a ser preso.

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