São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995
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Ciclone causa cheias no Sul e seca no Nordeste

DA REPORTAGEM LOCAL

As chuvas que atingiram as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e a seca que castiga o norte de Minas Gerais e sul da Bahia são causadas pelo mesmo fenômeno: o vórtice ciclônico de ar superior.
O vórtice é um ciclone (sistema de baixa pressão com ventos que se deslocam em círculos em sentido horário) que traz a umidade do oceano para o continente.
Desde o início de fevereiro o ciclone se deslocou do oceano Atlântico para o interior do Brasil, estacionando em cima do sul da Bahia e norte de Minas Gerais.
Neste fenômeno, toda a umidade retirada do oceano se distribui pelas extremidades do vórtice, aumentando a ocorrência de chuvas nos Estados que ficam na periferia do vórtice.
O ar seco fica concentrado no centro do vórtice, impedindo que chova na região do miolo do ciclone (Bahia e Minas).
Segundo Cintia Uvo, 34, meteorologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a seca na Bahia e Minas é intensificada porque o vórtice impede que as frentes frias que entram pelo Sul do país cheguem à região.
Na Bahia, foi decretado estado de emergência em 60 municípios castigados pela seca. O decreto foi publicado na edição de anteontem do "Diário Oficial".
"Janeiro e fevereiro são meses em que deveria chover no Nordeste. Como o vórtice ciclônico impede a formação de nuvens, aumenta a seca na região", diz Neide Oliveira, 37, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
As frentes frias que não conseguem atravessar o miolo do vórtice, ficam estacionadas na região Sul e provocam enchentes no Paraná e Santa Catarina, como aconteceu nos últimos três dias.
Além das regiões Sul e Sudeste, o vórtice também aumentou a ocorrência de chuvas na Paraíba, Rio Grande do Norte, Goiás e Tocantins.
Na última quarta, o ciclone começou a perder força, diminundo a intensidade das chuvas em São Paulo e trazendo mais umidade para Bahia e Minas.
Segundo Neide Oliveira, deve chover menos nas regiões Sul e Sudeste neste fim-de-semana, mas o fenômeno pode voltar a acontecer ainda em fevereiro.
* Colaborou Agência Folha, em Salvador

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