São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995
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Governo protela decisão política

NEWTON CARLOS
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O governo mexicano tem sido acusado de cometer na área política o mesmo erro cometido na economia. O de protelar e não tomar providências a tempo para desalojar o Exército Zapatista de Libertação Nacional de suas posições em Chiapas, contribuindo para explosões ainda mais violentas.
Embora tenham dito em janeiro que a trégua continua, os zapatistas advertem que suas reivindicações não são atendidas e pedem a criação de um movimento de libertação nacional.
Querem que o governador "paralelo" de Chiapas, Amado Aveda¤o, candidato da oposição de esquerda que se diz derrotado por meio de fraude, seja reconhecido.
Aveda¤o foi "empossado", com cobertura dos guerrilheiros do EZLN, no mesmo dia em que assumiu o candidato do PRI (governista), vitorioso, segundo os resultados oficiais. O mesmo aconteceu em outros quatro municípios de Chiapas.
Logo depois os zapatistas tentaram estender sua influência a Tapachula, a segunda maior cidade do Estado, procurando manter um ritmo ofensivo, enquanto o governo anunciava redução de tropas na região e se declarava disposto a entender-se com a comissão de mediação chefiada pelo bispo Samuel Ruiz.
Criticado por "permitir" que os zapatistas fincassem pé em Chiapas e ditassem os termos das negociações, o presidente Ernesto Zedillo, à procura de saídas para um México atolado em problemas econômicos, políticos e sociais, conseguiu que o PRI assinasse um pacto com partidos da oposição, recheado de promessas de trabalho comum visando a uma "verdadeira reforma eleitoral".
Os zapatistas, ligados ao Partido Democrático da Revolução (PRD), também signatário, ficariam isolados. Mas o pacto não deu em nada e recrudesceram as vozes pedindo ação "mais decidida" contra o EZLN.
Até o Chase Manhattan Bank, segundo a publicação "Counterpunch" (Washington), mandou dizer ao governo mexicano que é preciso acabar com os zapatistas para que investidores voltem a ter confiança no país.

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