São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 1995
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Para quem paga impostos; Direitos humanos e transparência; 16 maneiras de enganar; Literatura explícita; Juros no comércio; Maluf e a saúde; Falsa impressão

Para quem paga impostos
"A Folha publicou matéria, assinada por Alessandra Blanco, sob o título 'São Paulo faz obras para quem paga impostos', atribuindo a mim semelhante frase. Essa atribuição é mentirosa e infamante. Em momento algum declarei que a prefeitura só faz obras para quem paga imposto. A repórter que assina a reportagem ou agiu de má-fé explícita ou confundiu, de maneira leviana e irresponsável, minhas palavras relativas às obras sociais e de assistência que a administração municipal realiza em defesa e proteção dos moradores de áreas de risco, em terrenos da prefeitura. A mentira do título da reportagem contrasta com a respeitabilidade desse jornal e com minha conduta de ex-prefeito e atual secretário de Vias Públicas, que sempre se pautou pela construção de obras como conjuntos habitacionais, creches e moradias populares em favelas, colocando acima de tudo o direito de cidadania dos mais carentes, paguem ou não impostos. Com a autora da reportagem citada tratei, apenas, do imediato socorro que a administração Paulo Maluf prestou aos moradores da Favela do Real Parque, no Morumbi, situada numa perigosa área de risco. Visitei a favela atingida pelas violentas chuvas dos últimos dias, e lá determinei obras emergenciais para a segurança dos moradores e salvar vidas humanas."
Reynaldo de Barros, secretário de Vias Públicas do Município de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Alessandra Blanco — O secretário Reynaldo de Barros atendeu a reportagem, por telefone, às 17h20 da quarta-feira, dia 8. À pergunta por que a prefeitura não fez as pequenas obras necessárias para evitar os desabamentos nas áreas de risco, deu a seguinte resposta: "A cidade tem centenas de áreas de risco. A prefeitura está fazendo obras de grande, médio e pequeno portes para a população que paga impostos e que tem direito de exigir serviços".

Direitos humanos e transparência
"O depoimento sereno e impessoal do embaixador do Brasil em Londres, Rubens Barbosa ('O Brasil e as ONGs, uma visão de Londres', Folha, 2/02), demonstra claramente as vantagens da transparência nas questões de direitos humanos. Seu diálogo, construtivo e firme, tem trazido grande credibilidade na comunidade internacional aos esforços do governo e da sociedade em debelar as graves violações de direitos humanos que persistem no Brasil. É essa política de valorização da parceria do Estado com a sociedade que deve marcar um governo democrático que reconhece seus compromissos com o respeito aos direitos humanos."
Paulo Sérgio Pinheiro, professor visitante do Kellogg Institute (Notre Dame, EUA)

16 maneiras de enganar
"Queremos registrar nossos protestos contra o sr. Ricardo Semler que, em seu artigo 'Por fora', publicado na edição de 15/01 da Folha, afirma, no final do penúltimo parágrafo, que 'qualquer contador saberá propor 16 maneiras diferentes de enganar os trabalhadores'. Entendemos que o sr. Semler pode se dar ao luxo de posar como um dos arautos da modernidade perante o público externo e, no âmbito de suas empresas, revelar-se um adepto confesso da deplorável Lei de Gerson. Esse cidadão só não pode assacar contra a moral da íntegra e idônea classe dos contabilistas que, centrada exclusivamente no absoluto respeito à legislação vigente, continua prestando inestimáveis serviços à sociedade e ao país. Se o sr. Semler mantém em suas empresas profissionais dedicados a manter o vale-tudo contra o qual todos nos colocamos, isso é problema dele. Mas se for efetivamente um cidadão contemporâneo dos novos tempos que estamos vivendo, e, mais que isso, um adepto da transparência incensada no final de seu artigo, ele deve tomar duas atitudes: 1) abrir o jogo quanto às '16 maneiras de enganar os trabalhadores', para que estes possam se defender; 2) demitir os maus profissionais da área contábil que o cercam e lhe propõem tal conjunto de medidas indecorosas."
José Serafim Abrantes, presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta do colunista Ricardo Semler — Essa carta kafkiana errou de endereço. A Semco foi uma das primeiras a distribuir lucros, tem Comissão de Fábrica eleita (com a estabilidade no emprego), debate seus balanços mensalmente com todos empregados e é a única empresa no Brasil onde a Comissão de Fábrica recebe os relatórios diretamente da contabilidade. Inaugura agora o primeiro Conselho no país que incorpora operários entre seus membros. Nunca faço propaganda da Semco nos meus artigos, mas cartas que jogam para a platéia não deixam saída. Quanto às 16 maneiras, estou certo que não há necessidade de aulas a respeito. Aliás, nem os trabalhadores precisam —sabem quando estão sendo enganados.

Literatura explícita
"Obrigado a Hélio Schwartsman pelo delicioso e hilariante artigo 'Literatura explícita' (edição de 7/02)."
Aldo Grangeiro (Florianópolis, SC)

Juros no comércio
"A respeito de matéria publicada no dia 17/01, sobre a adaptação das lojas para informar taxa de juros, consta como declaração de nosso gerente da filial Park Shopping Brasília que cobramos uma taxa mensal de juros de 16,87%, o que não é verdade. O índice citado diz respeito a taxa de juros total aplicada sobre o preço à vista em parcelamento de cinco vezes; ficando os juros mensais neste caso em 3,98%, como consta em nossas lojas."
Tito A. Bessa Júnior, pela TNG Comércio de Roupas Ltda. (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Márcia de Chiara — A taxa de juros ao mês informada no dia 16 de janeiro pelo gerente Romualdo de Lima Miranda, da loja TNG de Brasília (DF), era de 16,87%.

Maluf e a saúde
"O artigo 'Tem saúde', de Caio Túlio Costa (Revista da Folha, 5/02), comenta sobre a criação da Fundação Parceria para a Saúde. Trata-se de algo fantástico, à primeira vista. Não cabe aqui analisar a trajetória política decadente do sr. Hanashiro, mas uma coisa é certa: ele e seu chefe, o sr. Maluf, falam a mesma língua, a da confusão. Muitos podem pensar que é simples montar uma cooperativa para administrar as unidades de saúde. Mas não é! Uma cooperativa é uma empresa como outra qualquer, com problemas de administração, manutenção, funcionários, contas e despesas. Para isso, a prefeitura se propõe a pagar R$ 10,00 mensais por usuário..."
João Lucio Tatagiba (São Paulo, SP)

Falsa impressão
"Relativamente à notícia veiculada no dia 29/01, gostaria de ver corrigida uma impropriedade. Ficou a impressão de que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) não adotou providências para corrigir problemas com a licitação de serviços de vigilância. Na realidade, o Inpi foi utilizado como exemplo para demonstrar a nova postura do Sistema de Controle Interno, com enfoque especial para a tempestividade e a prevenção, como pode ser observado em nota enviada para conhecimento do ministro da Fazenda."
Domingos Poubel de Castro, secretário federal de Controle (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Xico Sá — A reportagem usou o caso do Inpi como ilustração de uma experiência considerada positiva.

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