São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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FHC está cercado de PFL por todos os lados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo Congresso tomou posse há 13 dias, e o PFL já é o principal partido do Congresso. Quer pela habilidade histórica em se mover nos corredores do poder, quer pela proximidade com o presidente Fernando Henrique Cardoso, um tucano. FHC está cercado de pefelistas por todos os lados.
Com 90 deputados -17 a menos do que o PMDB, maior partido do Congresso por enquanto-, o PFL assumiu o controle dos cargos mais cobiçados no Congresso e reforçou a condição de principal partido de sustentação a FHC. O PSDB amarga o segundo lugar.
"Nosso partido tem o 'feeling' do que vai dar certo", diz o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
Desde a posse do novo Congresso, no dia 1º, os pefelistas conquistaram a presidência da Câmara e de três comissões temáticas da Casa, além de comemorar discretamente a eleição de José Sarney para a presidência do Senado.
Filiado ao PMDB, Sarney é ligado ao PFL por fortes laços, inclusive familiares. Integram o partido o deputado Sarney Filho (MA) e a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, seus filhos.
A posição de destaque do PFL junto ao governo FHC se transformou em um catalisador para seu crescimento. No Senado, a legenda já contabiliza duas adesões —José Bianco (RO), ex-PDT, e Romero Jucá (RR), ex-PPR— e espera ampliar em breve sua representação na Câmara.
O líder do partido no Senado, Hugo Napoleão (PI), trabalha para obter mais três conquistas nos próximos seis meses, o que elevaria para 24 os integrantes da bancada. O PMDB tem 22 senadores.
Com isso, a presidência da Casa em 1997 estará praticamente assegurada para Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) —pai do atual presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
As comissões temáticas do Senado também estão na mira do PFL, que quer aumentar de duas para três as presidências.
O partido reivindica as comissões de Assuntos Econômicos, de Infra-Estrutura e de Fiscalização e Controle, que será instalada pela primeira vez nesta legislatura e investigará eventuais irregularidades no Legislativo e Executivo.
A ocupação estratégica dos postos-chave do Congresso pelo PFL leva seus adversários a denunciar uma nova "arenização", referindo-se à Arena, partido que cresceu à sombra do regime militar. "O novo Arenão é para FHC como uma armadura, que protege ao mesmo tempo que machuca", diz o deputado José Genoino (PT-SP).
O controle do Congresso é um dos passos na estratégia do PFL para se transformar no "maior partido do ano 2000".
O "Projeto PFL-2000", idealizado pelo presidente do partido, Jorge Bornhausen, pretende garantir à legenda um "papel hegemônico na vida política do país na virada do século".

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