São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Banco oficial atrai interesse no exterior

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Os bancos internacionais estão entusiasmados com a disposição do governo de privatizar os bancos estaduais e oficiais federais, como o Banco Meridional.
O presidente da Associação Brasileira de Bancos Internacionais e do Banco de Boston, Henrique de Campos Meirelles, diz que o processo é bastante positivo.
A privatização dos bancos estaduais é vital, diz o banqueiro.
Caso venha a ocorrer, "será uma das maiores contribuições deste governo para as futuras gerações, pois terminará com importante fonte de desperdício de dinheiro público e expansão inflacionária de moeda", afirma Meirelles.
O presidente do Banco Central, Pérsio Arida, já afirmou ser sua meta realizar esforços para eliminar a disposição constitucional que congelou a participação internacional em bancos e seguradoras aos níveis que existiam em 1988.
Arida observa que o mercado financeiro brasileiro é pouco aberto ao exterior, por causa dos limites à expansão do capital estrangeiro impostos pela Constituição de 1988.
O ministro José Serra (Planejamento) disse na semana passada que o Banco Meridional poderá ser privatizado ainda neste ano.
Para Meirelles, seria injusto com os contribuintes, se houvesse a depreciação do patrimônio público, não permitindo que os bancos internacionais interessados participem da privatização das instituições oficiais.
Caso só os bancos nacionais participem da privatização, o dinheiro arrecadado pelo governo deverá ser menor do que se houvesse a concorrência com os bancos internacionais.
O Brasil precisa de maior tecnologia, competitividade e técnicas modernas de financiamento à produção, garantindo a inserção brasileira no mercado financeiro internacional, afirma Meirelles, que foi indicado para assumir amanhã a presidência da Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham Brasil-São Paulo).
Para Meirelles não será com reserva de mercado ou manutenção de protecionismo que o Brasil vai se inserir no economia global.
Grandes bancos privados consultados —Bradesco, Bamerindus, Real— mostraram-se reticentes em participarem como compradores em eventuais privatizações de bancos estaduais.
O presidente do Banco Real, Paulo Guilherme Monteiro Lobato Ribeiro, diz que a instituição não está analisando nenhum caso de compra de bancos estaduais, mas acrescenta: "nunca digo que dessa água não beberei".
Surgiu na última sexta-feira, o rumor de que o Raibobank, maior banco comercial da Holanda, teria demonstrado seu interesse em adquirir o banco estadual paulista, o Banespa.
O Raibobank possui depósitos em cadernetas da ordem de US$ 100 bilhões e é uma das poucas instituições bancárias do mundo a possuir a classificação AAA, nota máxima dada por empresas de análise.
O Raibobank tem interesse em ser um ativo financiador do comércio exterior e do setor agrícola, mas para instalar sua filial no país aguarda autorização do governo brasileiro.
A assessoria do Banespa informa, no entanto, que a venda ao Raibobank "não procede".

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