São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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CEF registra prejuízo em 336 mil financiamentos de casa própria

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento feito pela Caixa Econômica Federal mostra que 28% dos seus mutuários do SFH (Sistema Financeiro de Habitação) pagam prestações mensais com valores inferiores a R$ 11,00. Isso representa 336 mil contratos com prestações inferiores ao custo de emissão dos carnês de cobrança.
O número foi enviado ao economista Sérgio Cutolo, ex-ministro da Previdência Social, que deve assumir a presidência da CEF esta semana. A Caixa tem rombo potencial de R$ 2,6 bilhões —dívidas vencidas do Tesouro Nacional.
O desafio de Cutolo é reestruturar a CEF e adequá-la a uma economia com baixa inflação. Há um mês, ele vem analisando detalhadamente informações sobre a CEF. É com base nisso que será feita a reestruturação.
A reestruturação da instituição deve resultar no fechamento de agências, mas ainda não estão definidos os locais nem quantas serão fechadas. O princípio básico, segundo ele, é evitar a concorrência com os demais bancos federais —como Banco do Brasil.
Os dados levantados pela equipe de Cutolo mostram que a inadimplência dos mutuários está em 14,59%, levando-se em conta as dívidas em atraso há mais de 60 dias. No caso das operações com recursos apenas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), a inadimplência é de 41% na média nacional.
A inadimplência média dos empréstismos com recursos de poupança é de 11,8%.
Assim como diversos bancos estaduais, a CEF apresenta uma grande estrutura administrativa. As 33 superintendências estaduais, ocupadas por indicações políticas em administrações passadas, devem ser reduzidas. Não está definido quantas superintêndencias serão extintas, mas é praticamente certa a troca de funcionários.
Depois de descoberto o "verdadeiro buraco", como diz Cutolo, é preciso definir se a CEF manterá as funções de banco comercial ou se direciona suas atividades para operações de fomento econômico e prestação de serviços.

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