São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995 |
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Debate aponta uso de reservas como maior problema de bancos estaduais
MARCOS CÉZARI
O uso indevido das reservas pelos governadores é, em síntese, o maior problema dessas instituições, na opinião dos participantes do debate sobre a privatização dos bancos estaduais, realizado na última quinta no auditório da Folha. O debate foi promovido pelo jornal para discutir a possibilidade de o governo vir a privatizar os bancos estaduais, especialmente após a intervenção em alguns deles, como o Banespa e o Banerj. Participaram Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney); Adroaldo Moura da Silva, professor da USP; Ricardo Berzoini, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo; Oto Jacob, vice-presidente da Associação de Bancos de Desenvolvimento; e Juarez Cançado, diretor da Associação de Bancos Estaduais. O debate foi coordenado pelo jornalista João Batista Natali. Diante da questão se os bancos devem ou não ser privatizados, os debatedores foram unânimes em dizer que o problema não comporta um simples "sim" ou "não". Atuação restrita Adroaldo entende que o Banco Central deveria ter apenas duas funções: cuidar da reserva bancária e da emissão de moeda. Essa "restrição orçamentária" poderia resolver os problemas do sistema bancário, segundo o professor. Mailson listou quatro razões para a existência dos bancos oficiais: intermediação financeira deficiente pelo setor privado, ausência de um mercado de capitais para propiciar recursos de médio e longo prazo para investimento, ausência do setor privado nas regiões menos desenvolvidas e falta de bancos de comércio exterior. Embora não se posicione a favor nem contra a privatização, o ex-ministro disse que, em muitos casos, ela seria uma forma de salvar os bancos estaduais. Juarez Cançado disse que uma das principais funções dos bancos estaduais é atender os pequenos poupadores e as pequenas e médias empresas. Ele defendeu a existência dessas instituições. Cançado apresentou números para mostrar que esses bancos "são agentes da desconcentração financeira". Das quase 300 instituições financeiras do país, apenas dez delas concentram 80% do capital financeiro. Essa "concentração" gera poder político. Os bancos estaduais, segundo Cançado, atuam contra esse poder. Berzoini, também contrário à privatização, defendeu severa punição aos que usaram os bancos estaduais em benefício próprio. Ele propõe um processo mais amplo de privatização do sistema financeiro, com a sociedade participando das discussões. Em defesa dos bancos de desenvolvimento, Oto Jacob diz que eles são ferramentas para alocar recursos. Assim, são fundamentais para o país, uma vez que não visam apenas o lucro. Texto Anterior: CEF registra prejuízo em 336 mil financiamentos de casa própria Próximo Texto: Rio usa 'sedução' para atrair investimentos Índice |
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