São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Múltis querem desvalorização

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio na primeira semana deste ano junto a 155 grandes empresas multinacionais exportadoras e importadoras mostrou que a maioria (67,3%) quer uma desvalorização gradual do real em relação ao dólar este ano.
Os resultados da pesquisa, feita junto a empresas com vendas anuais de até US$ 1 bilhão, que exportam até US$ 380 milhões e importam até US$ 270 milhões, mostram que a questão da taxa de câmbio é extremamente polêmica até mesmo entre os diretamente interessados.
Quase um quarto (24,5%) dos entrevistados declararam-se satisfeitos com a atual taxa de câmbio (na época da pesquisa, o dólar estava cotado a R$ 0,85), enquanto apenas 8,2% queriam que o real se valorizasse ainda mais.
Um dado curioso e aparentemente paradoxal foi revelado pelas empresas que importam e exportam mais de US$ 1 milhão por ano, ao responderem se elas estavam sendo prejudicadas ou beneficiadas pela taxa atual de câmbio.
Entre os importadores, compreensivelmente, a maioria (58,8%) disse estar sendo beneficiada. Mas uma parcela nada desprezível (46,4%) respondeu que está sendo prejudicada.
Entre os exportadores, também uma maioria de 70,6% disse estar sendo prejudicada, enquanto metade (50%) afirmou que está sendo beneficiada.
Segundo o boletim "Update", editado pela Câmara, a explicação para esse aparente paradoxo está na globalização da economia. Muitas grandes empresas têm atividade dupla, como grande importadora e também como grande exportadora. Por isso, uma mesma companhia é beneficiada de um lado e prejudicada de outro.
O efeito negativo da atual taxa de câmbio mais frequentemente citado foi a redução da competitividade, seguido pelo aumento relativo de custo. O aumento da carga fiscal ficou em terceiro lugar e a entrada de concorrentes em quarto.

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