São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Guerra beneficia Durán-Ballén e Fujimori
NEWTON CARLOS
No Equador o presidente Sixto Duran-Balen, depois de eleições parlamentares que deixaram mal a coligação de governo, vinha enfrentando oposição política cerrada, violência nas ruas, desobediência civil e repetidos impeachments de ministros. No Peru, os que não sabiam em quem votar cresceram de 13% para 20% de dezembro a janeiro. Fujimori não esquece que foi azarão em 1990 e acabou ganhando como beneficiário de última hora de avalancha de votos flutuantes. Dizia-se que o escândalo envolvendo militares de alta patente e narcotraficantes havia chegado perto demais do gabinete presidencial, prejudicando um dos grandes trunfos de Fujimori, a imagem de honestidade e eficiência. Além disso sua mulher, Susana Higuchi, fazia greve de fome após ter sido impedida de candidatar-se. Também desagradou, sobretudo a uma classe média preocupada com as "tendências autoritárias" de Fujimori, a presença dominante de políticos submissos entre os candidatos de Cambio 90-Nueva Mayoria, a coligação governamental ameaçada de ficar abaixo de 30%. O escândalo envolvendo militares começou com o aparecimento do diário de um chefe do Cartel de Lima, no qual figuravam nomes do general Manuel Ortis Lucero, ex-chefe antidroga do Exército, do deputado Juan Hermoza, irmão do comandante do Exército, general Nicolas Hermoza, homem de Fujimori nos quartéis. No Equador a oposição com o controle do Congresso se recusava a aprovar o Orçamento deste ano e reformas "fundamentais à estabilização". Nas ruas a escalada da violência ia em frente. A desobediência civil contra ensino de religião nas escolas, pedido pela hierarquia católica, aprovado pela coligação de direita com maioria parlamentar e sancionado por Durán-Ballén, tornou-se quase guerra religiosa. A morte de um manifestante, em confronto com a polícia, resultou em greve nacional de estudantes, também lutando contra aumentos nas passagens dos ônibus. A Frente Unitária dos Trabalhadores, a maior central sindical, juntou-se convocando greve geral e acusando o governo de querer abolir o direito de greve. Fujimori recuperou pontos nas pesquisas, a partir da troca de tiros. No Equador, exaltações nacionalistas desalojaram a desobediência civil. A oposição majoritária no Congresso decretou trégua. Texto Anterior: Equador derruba três aviões peruanos Próximo Texto: China cria geração de pequenos imperadores Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |