São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Crianças recebem influência estrangeira

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Ele não tem irmãos, assim como nenhuma das outras crianças chinesas de sua classe no jardim de infância.
Wang Haiyang, de 6 anos, gosta do robô japonês presenteado pelos avós, já se diverte com histórias de ficção científica e tem uma vaga idéia de quem foram os imperadores.
"Eles eram os presidentes?", pergunta. Sobre a expressão "pequenos imperadores", Haiyang faz careta e diz: "Não tenho a menor idéia".
O pai, Pengcheng, e a mãe, Bo, se defendem e dizem não criar um "pequeno imperador". Mas admitem a superproteção, fomentada principalmente pelos avós. "Eles adoram o neto", diz Pengcheng.
Diferente da China de seus pais, Haiyang nasceu num país mais aberto a influências estrangeiras. Pengcheng o desafia a enfileirar seus conhecimentos sobre o Brasil. "Fica do outro lado do mundo", responde o menino.
Haiyang chega ao jardim de infância às 7h30, levado de bicicleta pela mãe à creche da Universidade Qinhua, onde a engenheira mecânica trabalha como pesquisadora.
A jornada no jardim de infância termina às 18h, depois de três sólidas refeições.
Quando chega à casa, Haiyang deixa se hipnotizar diante da televisão, um bem de consumo raro antes de a China embarcar nas reformas econômicas.
Ele prefere assistir a novela histórica "Os Três Reinos" e as propagandas, conforme detalha o pai Pengcheng.
A influência estrangeira também arrefece em Haiyang, o interesse por brinquedos tradicionais em seu país, como empinar papagaio.
Uma invenção chinesa que hoje começa a perder em popularidade para ameaçadoras armas de plástico e dinossauros em miniatura.
"Meu filho desfruta de muito melhores condições de educação do que eu tive", explica Pengcheng, um geofísico que ganha 500 yuans mensais (US$ 60).
A mulher contribui com salário idêntico para o orçamento familiar.
O casal Wang se diz satisfeito com um filho. "O segundo desequilibraria o nosso orçamento", diz Pengcheng. Perguntado se gostaria de ter um irmãozinho, Haiyang afirma: "Não".
(JS)

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