São Paulo, segunda-feira, 13 de fevereiro de 1995
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Peruanos e equatorianos defendem os seus países

LARISSA PURVINNI
DA REPORTAGEM LOCAL

A 4 mil km do front, uma guerra silenciosa se trava entre peruanos e equatorianos que vivem em São Paulo.
Jovens imigrantes põem em segundo plano argumentos pacifistas e defendem as posições de seus países.
O peruano Marco Alayo Chávez, 23, mestrando de microeletrônica na USP, no Brasil desde 94, se disporia a lutar e acha que o Peru está com a razão. "Se estivesse lá me apresentaria ao Exército. A demarcação de fronteiras existe, o Equador é que não quer reconhecer."
A equatoriana Clara Bustamante, 24, diz que seu país tem razão em querer que o território seja demarcado.
"O Equador nunca aceitou aquele tratado. Perdemos metade do nosso território, nosso orgulho ficou ferido." Ela tinha 11 anos quando estourou o último conflito entre os dois países, em 1980. "O governo alertava para economizar tudo. Foi assustador."
Segundo ela —que se diz contra o conflito— a população está a favor da guerra.
Clara veio para o Brasil em 1991 cursar administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas e volta para o Equador em março.
"Acho essa guerra um absurdo", diz a peruana Gisella Rojas, 22, no Brasil desde os 18 anos. Apesar de ser contra o conflito, ela também defende a posição de seu país. "O acordo foi assinado em 42. Sou contra a guerra, mas não é justo os equatorianos ficarem com uma coisa que não é deles."
Sua irmã mais nova, Roxana 18, não toma partido: "Acho a maior besteira brigar por um pedaço de terra."
Roxana saiu do Peru com nove anos. Ela veio morar com sua mãe, que fazia pós-graduação em psicologia na USP.
Segundo elas, as notícias sobre a guerra não chegam aos seus familiares que vivem em Lima (capital do Peru). "Eles dizem que é exagero."
Os consulados não sabem informar quantos equatorianos e peruanos vivem em São Paulo atualmente.
Segundo a Comissão de Cooperação Internacional da USP, cinco equatorianos e 26 peruanos estudam na universidade.

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