São Paulo, segunda-feira, 13 de fevereiro de 1995
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Cocaína leva estrelas ao banco dos réus

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

A escritora francesa Françoise Sagan, 59, está sendo julgada por um tribunal de Paris por consumo de cocaína. O processo envolve várias personalidades do mundo do espetáculo na França.
Sagan estava intimada, mas não compareceu anteontem à primeira audiência. Além dela, 27 outras pessoas estão sendo julgadas. A única ausente entre os réus foi a escritora.
Françoise Sagan já sofreu uma condenação a seis meses de prisão, além de multa de US$ 2.000, em 1990, por um tribunal de Lyon, também por consumo de drogas. Ela cumpriu a pena em liberdade.
Na ausência de Françoise Sagan, o papel de principal "estrela" do julgamento ficou nas mãos do humorista Pierre Palmade, 27, autor de peças teatrais que fazem muito sucesso na França.
"Passei a usar drogas a partir de meu primeiro sucesso, no Olympia, em 1991. A cocaína era um amplificador agradável", explicou Palmade.
O humorista Palmade negou uma afirmação de sua assessora de imprensa, segundo a qual ele só consegue subir ao palco depois de cheirar cocaína.
O réu com acusações mais graves, no entanto, não pertence ao mundo artístico. Ele é Gérald Stoltz, um mecânico de carros de luxo, acusado de ser o fornecedor de drogas para vários artistas franceses.
Stoltz teria negociado mais de US$ 300 mil em drogas durante dois anos, de acordo com as acusações. A polícia grampeou seu telefone e o tráfico foi descoberto em 1992. Uma caderneta com os nomes de vários artistas foi apreendida em poder do mecânico, dando origem ao processo contra as estrelas.

Direito
Em declarações públicas anteriores, Françoise Sagan defendera o direito de consumir livremente álcool ou cocaína.
O primeiro e maior sucesso da carreira literária da escritora foi "Bom Dia, Tristeza", lançado em 1954, quando a estreante tinha apenas 19 anos.
Até hoje, o livro vendeu mais de dois milhões de exemplares na França. Nenhuma de suas obras posteriores conseguiu superar essa marca.
Os quatro livros mais vendidos de Sagan —pseudônimo de Françoise Quoirez— foram todos escritos na década de 50.
Para seus fãs, ela descreve uma sociedade parisiense decadente; seus críticos consideram que ela nunca conseguiu amadurecer seu estilo, após seu primeiro sucesso.

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