São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995 |
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Pesquisa lança nova arma para combater fungo do cacau
LUIZ FRANCISCO
Os autores da pesquisa são os geneticistas Wilson Reis Monteiro e José Luiz Filho, da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão do Ministério da Agricultura. Causada por um fungo, a vassoura-de-bruxa já infectou cerca de 70% dos 700 mil ha da lavoura na Bahia. É uma doença endêmica, natural da região amazônica e que chegou ao Estado em 1989. A Theobahia (nome dado pelos geneticistas à nova variedade) apresenta outras vantagens em relação às demais variedades de cacau, além da resistência à vassoura-de-bruxa. Wilson Reis Monteiro, chefe da seção de genética do Cepec (Centro de Pesquisas do Cacau, ligado à Ceplac), diz que a Theobahia apresenta produtividade média de 140 arrobas/ha (a média na região é de 30 arrobas/ha). Possui também frutos grandes, sementes com peso superior a um grama e polpa de aroma agradável. Os geneticistas do Cepec trabalham com a Theobahia desde 1974. "Nossas pesquisas estavam direcionadas ao combate à podridão parda (outro tipo de praga) e ao aumento da produtividade da lavoura", diz Monteiro. Segundo o geneticista, a Theobahia é resultado do cruzamento entre dois clones (árvores geneticamente idênticas), dos quais um apresenta genes de resistência à vassoura-de-bruxa. Dois anos depois que a vassoura-de-bruxa chegou à Bahia, os pesquisadores notaram que a doença não atingia a Theobahia. "Plantamos vários pés no meio de fazendas infectadas pela doença e a resistência foi muito grande", diz Monteiro. No final do ano passado, os geneticistas chegaram à conclusão de que essa variedade de cacau apresenta no máximo uma vassoura-de-bruxa por pé. "Existem na região pés com mais de 400 vassouras-de-bruxa", diz o pesquisador. Para a chefe do serviço de pesquisa do Cepec, Edna Dora Martins, a descoberta da Theobahia "é a melhor notícia que os cacauicultores receberam nos últimos dez anos". Monteiro diz que para identificar o cacau mais resistente à doença, os pesquisadores tiveram de deixar a vassoura-de-bruxa se alastrar em uma área experimental, dentro de uma fazenda da Ceplac. Nos últimos três anos os técnicos descobriram seis cruzamentos resistentes à vassoura-de-bruxa. "Recomendamos a Theobahia porque esta variedade é a que possui as melhores características agronômicas no combate à vassoura-de-bruxa", diz o geneticista. A Theobahia apresenta resistência à infecção na polpa, local onde é mais difícil fazer o controle químico da doença. Segundo Monteiro, é a primeira variedade resistente à vassoura-de-bruxa no Brasil. "A descoberta dos pesquisadores é fundamental para o desenvolvimento da lavoura cacaueira", diz Edna Dora Martins. O produtor de cacau Antônio Luiz Oliveira, 42, está satisfeito com a descoberta dos técnicos do Cepec. "Os produtores estavam desestimulados com os baixos preços e a ineficiência no combate à vassoura-de-bruxa", diz. Na Bahia, existem cerca de 20 mil produtores e 25 mil fazendas de cacau. As plantações se espalham por 106 dos 415 municípios do Estado. A região de Itabuna (a 429 km de Salvador) é a maior produtora brasileira de cacau. A Bahia produz duas safras por ano. A primeira (temporã) acontece entre abril e junho. A safra principal é colhida entre setembro e novembro. O jornalista LUIZ FRANCISCO viajou a Itabuna a convite da Ceplac. Texto Anterior: Focos atingem gado no Vale do Paraíba Próximo Texto: Baixa umidade reduz safra Índice |
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