São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995 |
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FHC define como distribuir cargos
LÚCIO VAZ; DENISE MADUEÑO; RAQUEL ULHÔA
A decisão final caberá ao próprio presidente quando houver disputa entre partidos por um mesmo cargo. Mas Fernando Henrique não terá contato direto com os líderes partidários para tratar do assunto. Com isso, evitará o varejo, mas manterá o poder de decisão em suas mãos. A função entregue a Eduardo Jorge foi desempenhada pelo ex-ministro Henrique Hargreaves nos governos José Sarney e Itamar Franco. A diferença entre os dois é que Hargreaves tinha mais autonomia para decidir conflitos entre partidos. "Ocupação de espaços" Os líderes do PP, PL e PTB foram informados sobre a estratégia de distribuição de cargos pelo próprio FHC, em audiências no Palácio do Planalto. Quando os líderes pediam para falar sobre "ocupação de espaços no governo", o presidente respondia: "Procure o Eduardo Jorge". Nas audiências com o secretário-geral, os líderes apresentaram as reivindicações de suas bancadas. Eduardo Jorge disse que a decisão caberá ao presidente em casos de impasse. Um dos líderes perguntou se deveria, então, procurar o próprio presidente. "Não. Ele não terá contato com os líderes para tratar disso. Vocês apresentem os pedidos para mim. Depois, eu encaminho", respondeu Eduardo Jorge, segundo relato do líder. O líderes do PP e do PL já estiveram com Eduardo Jorge. O líder do PTB na Câmara, Nelson Trad (MS), estará com o secretário hoje, após uma audiência com FHC, às 15h. Os líderes esperavam que a função de receber os partidos fosse entregue ao vice-presidente, Marco Maciel. Foram informados de que FHC preferiu alguém mais neutro para a missão. Apesar de ser ligado ao PSDB, Eduardo Jorge nunca exerceu mandato eletivo. Atributos Os líderes que já estiveram com o secretário-geral ficaram com a impressão de que Eduardo Jorge tem atributos para desempenhar a missão. É próximo do presidente, tem contato diário com ele e mantém distanciamento dos partidos. O aspecto negativo apontado pelos líderes é o comportamento fechado, quase antipático, do secretário. Ex-assessor do Senado, Eduardo Jorge também tem reduzido conhecimento da máquina administrativa do Executivo. O secretário-geral da Presidência teve ontem audiência de meia hora com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Na saída, disse à imprensa que havia tratado de "assuntos pessoais" e lembrou que sua família é maranhense, como Sarney. (Lúcio Vaz, Denise Madueno e Raquel Ulhôa) Texto Anterior: Para Britto, governo busca ' uma coisa que não existe' Próximo Texto: Lula autoriza Irma a negociar com Motta Índice |
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