São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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Banco Central liquida Bancesa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA

Agência Folha, em Fortaleza
O Banco Central decretou ontem a liquidação extrajudicial do Bancesa, sediado em Fortaleza, o maior dos dez bancos liquidados desde o lançamento do real.
O Bancesa passou a enfrentar uma crise financeira com a perda do lucro inflacionário. Para compensar as dificuldades, o banco deixou de repassar ao governo R$ 132,8 milhões em impostos e contribuições de seus funcionários.
O Bancesa vinha recorrendo à linha de socorro do BC. Sexta-feira, o BC suspendeu empréstimos de R$ 20 milhões ao banco.
O diretor de Fiscalização do BC, Édson Sabino, disse ontem que para capitalizar o Bancesa serão necessários cerca de R$ 230 milhões. O Bancesa possuía 28 agências, 971 funcionários diretos e 190 contratados junto a terceiros.
Segundo Sabino, o BC garantirá a cobertura do dinheiro depositado na caderneta de poupança do Bancesa, cerca de R$ 1,5 milhão, até o limite de R$ 17 mil por pessoa. Os poupadores receberão orientações pelo correio.
Pelos dados do BC o Bancesa perdeu R$ 400 mil em sua poupança em duas semanas, devido às notícias sobre a crise do banco.
O BC avalia se será possível cobrir o dinheiro aplicado em contas correntes por pequenos depositantes. O Bancesa possui R$ 5,1 milhões em contas correntes.
Os bens de Manoel Machado, dono, e dos demais administradores do banco foram tornados indisponíveis pelo BC. A maioria dos funcionários deve ser demitida, segundo Raimundo Nonato de Farias, responsável pela liquidação.
Segundo Farias, as agências funcionaram ontem a portas fechadas e não houve tumultos.
O liquidante tem 60 dias para fazer uma análise e apresentar um relatório da situação do banco.
As indenizações trabalhaistas terão prioridade de pagamento. Depois, serão pagas as dívidas com a União, os créditos garantidos por bens e contas e aplicações.

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