São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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PFL negocia trégua entre ACM e FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As críticas constantes do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) ao governo Fernando Henrique Cardoso podem acabar hoje. O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, vai propor a FHC uma trégua na guerra verbal que se iniciou um dia após a posse.
Bornhausen deve se encontrar com o Fernando Henrique antes da reunião do conselho político, em que participam os presidentes dos partidos. Nesse encontro, eles devem acertar a trégua mútua. O conselho se reúne às 10h.
Há consenso entre as principais lideranças do PFL que o fim da briga entre o líder pefelista e integrantes do governo depende dos dois lados.
Para o PFL, quem começou a briga foi o governo e não ACM. Se os integrantes do governo não continuarem a fazer declarações contra o senador, ele ficará quieto.
O desentendimento começou no dia 2 de janeiro, quando o ministro Sérgio Motta, das Comunicações, tomou posse no cargo.
Em seu discurso, Motta atacou os critérios políticos usados pelos dirigentes do ministério na década de 80 para distribuir as concessões de canais de rádio e televisão.
Motta atingiu ACM em cheio. De 1985 a 1990, exatamente metade da década, o Ministério das Comunicações foi dirigido pelo pefelista, que integrava o governo do presidente José Sarney.
ACM rebateu criticando a intenção de Motta de leiloar as concessões de rádio e TV. O senador disse que, por leilão, somente grandes grupos econômicos terão acesso aos canais.
Para rebater também as críticas de Fernando Henrique Cardoso, que repetiu em pronunciamento oficial as idéias de Motta, ACM chamou a decisão de fazer leilões de "hipócrita".
Depois, anunciou que votaria contra o veto do presidente ao aumento do salário mínimo se não for apresentada uma proposta para amenizar o problema.
A última estocada de ACM atingiu não só Motta ("fala demais") ou FHC ("não tem prática do poder"). Em entrevista à Folha publicada anteontem, ACM distribuiu golpes em outros integrantes do governo.
Sobre o ministro José Serra (Planejamento), ACM afirmou: "Ele acha que é o único dono da verdade, o dono do monopólio da verdade sobre economia".
O ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil) foi comparado a um "linha-dura" do governo militar: "Eu fico pensando, que homem o regime militar perdeu".
Bresser Pereira (ministro da Administração) foi acusado de disputar com Sérgio Motta o "primeiro lugar de quem fala mais e de quem cria mais ou menos problemas para o Fernando Henrique".
O presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, reagiu às declarações do senador e anteontem pediu que o PFL "enquadrasse" ACM por suas "cobranças antecipadas e indevidas ao governo".
"O PFL deve tomar providências sobre a insubordinação de seu senador e enquadrá-lo na base de apoio ao governo", disse Pimenta.

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