São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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Aleluias e desdém

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fosse uma opinião de Sérgio Motta e ACM estaria a distribuir malvadezas. Mas foi da Globo, sublinhando o óbvio —que o país ficou "atrasado nas telecomunicações".
A opinião surgiu no Jornal Nacional em saudação à lei das concessões sancionada pelo presidente da República, o qual "destacou que a nova lei vai facilitar a abertura dos monopólios estatais".
Em detalhe, "todos os serviços de telecomunicações vão poder ser explorados por empresas privadas", inclusive, quem sabe, a própria.
E vem mais por aí, até quinta-feira, quando o presidente manda ao Congresso a reforma da Ordem Econômica.
Com tantas boas notícias e de tamanho interesse, o tom foi todo de aleluias a Fernando Henrique, no Jornal Nacional.
É o que talvez explique a reação confiante do presidente ao afirmar, ainda segundo a Globo, que "não está preocupado com a divisão do Congresso", divisão que vinha exatamente das ameaças de ACM.
É o que talvez explique o sorriso de desdém mostrado por Fernando Henrique no TJ, quando perguntado sobre as críticas do mesmo ACM. "Eu não prestei atenção", deu de ombros o presidente.

Sem pressa
Fernando Henrique gosta de vencer pelo cansaço. Às pressões, responde com conversas, conversas intermináveis, até que o oponente perde o ímpeto. Foi assim com o Plano Real. É o que ele repete agora, com a reforma tributária.
"A proposta implica a perda de dinheiro pelos Estados e os governadores não querem nem ouvir falar", noticiou o TJ. A resposta do presidente à surdez dos governadores, segundo o Jornal Bandeirantes, é "passar os próximos 15 dias negociando com os governadores".
E 15 dias é pouco. Pedro Malan avisou no TJ que ninguém deve ter "ilusões de que é possível equacionar isso em quatro semanas". Fernando Henrique, ainda outro dia, lembrou que o mandato tem quatro anos. Ele não tem pressa.

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