São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dono do barco no AM pode ser denunciado

WILSON NOGUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O delegado de Manacapuru (AM), Francisco Ribeiro de Vasconcelos Ferreira, disse ontem que o comandante e proprietário do barco "Comandante Rogério", João Lúcio Maciel, poderá ser denunciado por omissão de socorro.
Segundo o delegado, Maciel fugiu na hora do acidente, sem socorrer as vítimas. Ele é também acusado por sobreviventes de ter entregue a direção do barco a um adolescente de 15 anos, conhecido como Abrãao. Segundo a polícia, Abrãao está desaparecido.
O naufrágio do barco ocorreu às 21h da última sexta-feira, no rio Solimões.
O barco viajava de Manacapuru (100 km de Manaus) para Beruri (150 km de Manaus) com cem passageiros a bordo. Até as 18h de ontem, sete corpos tinham sido resgatados e 23 continuavam desaparecidos.
Segundo o delegado, a localização de Maciel está sendo difícil por ele ser novo no ramo da navegação fluvial. "Poucas pessoas o conheciam pelo nome verdadeiro em Manacapuru".
O comandante da Capitania dos Portos do Amazonas, capitão Cláudio Bailly, disse ontem que Maciel prometeu, por intermédio de seu advogado, se apresentar à Marinha a qualquer momento.
Bailly não soube informar também se Maciel é habilitado pela Capitania para dirigir barcos. "Ainda estamos pesquisando", afirmou.
O delegado Ferreira disse que começará a ouvir os sobreviventes ainda esta semana. Segundo ele, toda o policiamento da cidade está envolvido no resgate. "É impossível tratar de outro assunto agora", afirmou.
O delegado disse ter uma lista de pessoas que serão intimadas a depor. São sobreviventes e parentes de mortos ou desaparecidos.
Ferreira disse que, de acordo com informações dos mergulhadores, o barco, localizado a 12 metros de profundidade, está preso no tronco de uma árvore com a proa apontada para a margem do rio.
"A perícia poderá determinar se a pessoa que vinha no comando estava dormindo", disse, referindo-se a uma das muitas versões apresentadas por sobreviventes.
Os mergulhadores também teriam dito ao delegado que as mercadorias se espalharam por todo o convés do barco, o que significa que pode haver corpos ainda presos entre objetos.

Texto Anterior: Os portões do senhor reitor
Próximo Texto: Muro cai e mata um na zona norte do Rio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.