São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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Universidade é ineficiente, diz FHC

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO MOURÃO

O presidente Fernando Henrique Cardoso qualificou ontem as universidades brasileiras de ineficientes e afirmou que elas serão submetidas a critérios de avaliação.
Ele esteve ontem por duas horas e 30 minutos em Campo Mourão (460 km a noroeste de Curitiba) para abertura do ano letivo no Paraná.
Suas declarações foram em resposta a perguntas de 34 pais de alunos de uma escola secundária, reunidos para interpelá-lo sobre questões educacionais. "O problemas das universidades não é a falta de recursos físicos e financeiros", disse.
"Elas têm muitos funcionários e professores por aluno. A estrutura inchou", afirmou FHC.
Disse também que algumas vezes esteve em universidades —que preferiu não identificar publicamente— que eram "muito bem instaladas", mas que não produziam nenhuma tese ou pesquisa relevante.
Essa foi a crítica mais contundente que FHC fez ao sistema superior de ensino desde que assumiu a presidência da República.
Sem entrar em detalhes sobre as soluções cogitadas, disse que caberá às universidades decidir se investem seus recursos em docentes e funcionários desnecessários, mas que, em seguida, serão cobrados resultados.
Segundo item do programa que cumpriu na cidade do centro-oeste paranaense, de 78 mil habitantes, foi a inauguração de um teatro com 524 lugares.
Ao chegar ao local, era aguardado por manifestantes que empunhavam em silêncio duas faixas. A primeira delas: "FHC inaugura o teatro municipal com a peça como sobreviver com R$ 70".
A segunda era menos lacônica: "Fim da aposentadoria por tempo de serviço e da estabilidade no emprego só interessa a exploradores". A faixa era assinada pelo sindicato local dos professores.
Tampouco nessa questão, o presidente se esforçou em confortar os interessados.
"Estamos tendo aposentadorias prematuras. Se um professor se aposenta aos 50 e vive até os 70, alguém tem que pagar esses 20 anos e somos nós, a sociedade como um todo", disse.
Afirmou que faria de tudo para mudar o mecanismo, mas ao mesmo tempo garantiu que os professores já na carreira terão seus atuais direitos respeitados.
Embora seu contato com os pais de alunos fosse reservado à discussão do ensino básico secundário, também quanto à aposentadoria fez um longo parentêse sobre sua prática na universidade.
"Tenho 63 anos e teria disposição para continuar a dar aulas", disse.
Ao seu ver, os docentes, em razão da aposentadoria por tempo de serviço, canalizam suas energias para manterem o sistema.

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