São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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Bolinhas de gude viraram 'arma'

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 150 dos 500 PMs que estavam em frente à Câmara entraram em choque com os servidores. O confronto ocorreu às 17h45, no local onde se concentravam os militantes do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado).
Desde o início da sessão, às 15h, o servidores provocavam os PMs do 7º Batalhão cortando as cordas de isolamento e avançando contra a tropa, que era do policiamento normal e não usavam escudos ou capacetes.
Cada vez que os manifestantes cortavam a corda, eles gritavam em coro "traz outra corda, traz outra corda".
Entre as palavras de ordem dos manifestantes, duas chamavam mais a atenção. Uma dizia "U, vai morrer. U, vai morrer", cantada em direção à Câmara.
A outra, "Vereador, atenção, no ano que vem tem eleição".
No final da tarde, um PM se aproximou dos manifestantes, recebeu um chute no joelho e caiu. Os outros soldados partiram contra os servidores. Não havia ameaça de invasão da Câmara no momento da pancadaria.
Os manifestantes reagiram atirando pedras, latas, bolinhas de gude e até uma lata de lixo de metal.
O comandante da tropa, capitão Francisco Rohrer, tentou conter os soldados, mas não foi obedecido. Ele foi atingido por uma bolinha de gude na cabeça e começou a sangrar.
Alguns PMs, que não usavam identificação, acusaram o metalúrgico Luiz Esperidião da Silva de ter jogado a bolinha e o espancaram com chutes e golpes de cassetetes. Ele foi preso e disse que estava no local fazendo companhia à namorada.
Segundo o comandante da operação, coronel Paulo Cesar Neves, os PMs não usavam identificação no peito porque as tarjas teriam "caído". Disse também que a PM "apenas se defendeu".
A Folha flagrou um PM, não identificado, usando uma algema como soco inglês. O coronel Neves disse que vai "investigar" o fato.
Na quinta e sexta da semana passada também houve confronto entre manifestantes e PMs em frente à Câmara.

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