São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995 |
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Demolição destrói painéis de Graz
VICTOR AGOSTINHO
Os dois painéis estavam na casa de número 1.053, projetada pelo arquiteto Rino Levi para a família Ferrabino. Apesar de a casa e de os afrescos não estarem tombados pelo patrimônio histórico, o traçado do bairro é tombado e qualquer demolição nos imóveis deve ser comunicada ao órgão que cuida do patrimônio histórico do Estado, o Condephaat. O proprietário da casa, o empresário Nelson Gebara, afirmou que mandou derrubar os painéis por que eles "estavam horríveis". Segundo Gebara, as obras de arte eram dele e, como proprietário, faria o que quisesse com elas. Gebara disse ainda que tinha autorização para a demolição e que não temia as consequências. José Carlos Ribeiro de Almeida, 56, presidente do Condephaat, nega que tenha sido autorizada a demolição e mostra um ofício de setembro do ano passado alertando Gebara que a demolição não poderia ser feita sem autorização. No dia 6 deste mês o Condephaat embargou a obra e, segundo Almeida, no dia 7 os afrescos começaram a ser destruídos. Na sexta a destruição foi total. Gebara vai ser multado em 30% do valor venal do imóvel. Ontem o Condephaat pediu novamente à prefeitura o embargo da demolição, que seguia firme até as 17h. Na opinião do restaurador José de Anchieta Cardoso, 50, que chegou a fazer orçamento e negociar a remoção dos afrescos com Gebara, os painéis poderiam ser recuperados e retirados sem danos. A operação demoraria um mês e custaria R$ 11.450,00. "Mesmo que ele não tivesse dinheiro para fazer a remoção dos painéis, nós conseguiríamos patrocínio. O que nunca poderia acontecer é ele mandar enfiar a marreta numa obra de arte", afirmou Cândida Maria de Arruda Botelho, 49, arquiteta que está fazendo a curadoria de uma exposição sobre os trabalhos de Graz. A mostra será apresentada em abril de 96 no MAM (Museu de Arte Moderna) e no Museu da Casa Brasileira. A curadora critica a lentidão do Condephaat na preservação da casa: "Eles tinham que ser mais rápidos. Gebara tinha pressa para instalar sua concessionária de carros importados." Texto Anterior: Nasce no Rio o maior bebê do país com 7 kg Próximo Texto: Universidade é ineficiente, diz FHC Índice |
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