São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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O Viola e o Romário no banco dos réus

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, há muito tempo uma desconfiança vem tomando ares de verdade no Parque São Jorge. Uma verdade que, se confirmada, demandará muita coragem da direção técnica.
A desconfiança, ainda impronunciável para uns, é de que o time cresce sem o Viola (até pouquíssimo tempo atrás, o melhor valor do Corinthians).
Ou, em outra linha de análise, de que o Viola não está jogando no mesmo nível que a nova turma de jogadores hábeis do time. A goleada de domingo, sem o Viola e com o Fabinho, sustentaria esta tese.
A verdade dos fatos é que, desde os 15 minutos de fama na Copa dos EUA, Viola não jogou mais bola. A seu favor, apresento um atenuante. Jair Pereira tirou Viola do seu verdadeiro posicionamento.
Recuou o Viola em demasia. E, agora no Paulista, continua longe da linha de intermediária do adversário —que, para ele, funciona como o "greed" de largada para as arrancadas com a bola dominada.
Contra o Viola, há o fato de que ele parece ter perdido a mobilidade, o deslocamentos (e a concentração no jogo).
Menos mobilidade, menos concentração, menor força de explosão. Portanto, maior facilidade de marcação que, no caso dele, é sempre cerrada.
Para citar um exemplo comparativo, eu usaria a referência de um atacante já veterano, o de Massaro, do Milan e da seleção italiana.
Ele não é um jogador tecnicamente excepcional. Mas compensa com uma incansável mobilidade e muita concentração no jogo. Se Viola aprimorasse essas duas virtudes, seria quase perfeito.

Um escritor espanhol disse que não via sentido na pergunta se Romário deveria deixar o Barcelona. Afinal, disse ele, Romário sequer voltou da Copa do Mundo.
Guardadas as proporções, Viola também não. Diferentemente de Romário, Viola parece empenhado no futebol e na sua carreira. Outro dia ouvi o Mário Sérgio elogiando o seu empenho nos treinos.
Então é preciso, como se diz na modernosa linguagem da administração de empresas, "identificar" os problemas. Por que o Viola não é mais o mesmo?

Se as coisas não andam bem para o Romário, andam piores para o Cruyff. O Barcelona tomou nove gols em dois jogos. Além disso, para o Romário, os problemas familiares estão fora de campo.
Já Cruyff levou os seus para dentro de Campo. Na derrota por 5 a 0 contra o Racing, no sábado, seu filho Jordi e seu genro (o goleiro), estavam em campo.

O América, de Rio Preto, além do excelente futebol do Cacaio, deu show de modernidade, também no sábado.
Além da tradicional camisa vermelha, usou os calções vermelhos, já que o Palmeiras usava o seu arcaico calção branco.
E entrou de meias brancas, em oposição às meias verdes palmeirenses. Parabéns ao América que, além de correto, ficou uma beleza, isto é, como a gente e o diabo gosta. É o Interior na frente.

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