São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995 |
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Fiesp procura nova mentalidade cultural
ELVIS CESAR BONASSA
"Queremos dar à cultura um tratamento empresarial", diz Ruy Altenfelder, diretor-geral do Instituto Roberto Simonsen, ligado à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O instituto está promovendo encontros com representantes da área. Na semana passada, ouviu uma palestra do secretário paulista da Cultura, Marcos Mendonça. No mês que vem, recebe o ministro Francisco Weffort. O objetivo é definir estratégias de atuação conjunta, que atendam os interesses dos dois lado: financiador e financiado. No encontro com Mendonça surgiram alguns planos, que já estão sendo negociados entre a secretaria e a Fiesp. Altenfelder resume os pontos: 1 - Os empresários vão ajudar no recenseamento dos equipamentos, grupos e manifestações culturais, usando os escritórios e sede regionais da Ciesp (Centro das Indústrias), Sesi e Senai. 2 - O Instituto vai colaborar na busca de parcerias para o financiamento de eventos, como o Festival de Campos do Jordão, e de patrocínios para órgãos como a Orquestra Sinfônica de São Paulo, que passaria a ser Filarmônica (nome dado a orquestras que não são custeadas pelo Estado). 3 - A Fiesp, que mantém diversos convênios com universidades, vai colaborar no projeto de usar estudantes na realização de atividades culturais, para ajudar a cobrir a perda de 70% do pessoal da secretaria. 4 - O Instituto vai colaborar na ponte entre a secretaria e instituições no exterior. Na reunião com Mendonça, estavam presentes os cônsules da França, Inglaterra e Estados Unidos. Uma atividade já em discussão é trazer obras do MoMA (Museu de Arte Moderna, de Nova York) para o Brasil. O que o empresariado pode ganhar com isso? Prestígio e lucro. Ou, nas palavras de Altenfelder: "O retorno institucional é muito importante, mas pode haver também retorno em forma de resultados, se for escolhido um bom produto". Produto. Dar esse nome a uma manifestação cultural pode até chocar muitos artistas, mas é assim que os empresários planejam seus investimentos. Essa é uma das chaves da "nova mentalidade" de relacionamento entre cultura e setor privado. Isso significa pensar a cultura também através de conceitos que já são comuns no setor econômico: inserção competitiva e globalização. "Sem isso, a cultura estará condenada à estagnação", diz Altenfelder. Há problemas a serem resolvidos: como encaixar manifestações culturais regionais ou obras experimentais, sem garantia de prestígio nem lucro, nesse figurino. A solução possível é atrair pequenas e microempresas, nos casos regionais, e deixar exclusivamente para o Estado o financiamento da obras que não consigam seduzir a "nova mentalidade" empresarial. Texto Anterior: McCartney apresenta concerto em Londres; Originais de 'Rei Leão' são vendidos em NY; Chabrol dirige atrizes Adjani, Bonnaire e Bisset; Cimino volta após cinco anos em "Sun Chaser" Próximo Texto: Paulo Coelho vende 250 mil na França Índice |
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