São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 1995
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Diplomacia e interesse público; Pelos que não pagam impostos; Em outros tempos; PT debutante; Propaganda pra quê?; FHC e a educação

Diplomacia e interesse público
"Nesta coluna, o embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima contesta o 'desvirtuamento' do debate sobre a imagem do Brasil no exterior e o papel das ONGs, pois seus interlocutores, entre os quais me incluo ('O Brasil na casa dos espelhos', Folha, 26/01) teriam resvalado 'progressivamente para o plano de ataques pessoais'. Quanto a mim, estou empenhado em criticar uma concepção da política externa brasileira vinculada à diplomacia tradicional, que considero anacrônica e divorciada do que concebo como o interesse público. Questões pessoais não me interessam; não me refiro, inclusive, a sua competência profissional, mas à maneira pela qual ela é utilizada. Em outros tempos, o Ministério das Relações Exteriores espelhava as diretrizes oriundas do regime militar e, posteriormente, da diplomacia de prestígio desenvolvida pelo presidente Sarney. Ainda assim, não se pode negar que a diplomacia tradicional —sigilosa, desconhecida da opinião pública e ausente o Congresso— foi eficaz em seus parâmetros. Ironicamente, na mesma página de seu reclamo, encontra-se um artigo assinado pelo embaixador Rubens Barbosa, apresentando a posição do presidente Fernando Henrique Cardoso como diametralmente oposta à do embaixador Paulo Tarso. Logo a seguir, através de um relatório, o próprio Itamaraty reconhece, pela primeira vez, a justeza das denúncias das ONGs. Portanto, permanece a indagação: qual é a posição do Estado brasileiro? Quanto ao artigo de meu amigo professor Luiz Olavo Baptista, saliento que nunca foi minha intenção 'investir contra a diplomacia brasileira'. O meu objetivo é bem mais humilde e responsável: auxiliar o leitor a melhor compreender um tema que há pouco começou a receber as luzes da democracia. Em todo caso, é preocupante minimizar a realidade afirmando que no Brasil 'não há mais abusos do que em outros países', como faz o professor Luiz Olavo, sobretudo diante de dados como os do artigo 'Aplicabilidade dos direitos humanos e as ONGs' (Folha, 8/02) e do próprio relatório oficial do governo brasileiro. Finalmente, sobre o embaixador Rubens Ricupero, referi seu nome apenas como representante da diplomacia tradicional. Mas, francamente, creio que o famoso episódio da antena parabólica não foi um ato falho ou fatalidade. Eu o concebo como uma dura revelação e aposto no surgimento de novas lideranças e de uma nova equação de poder no Itamaraty."
Ricardo Antônio Silva Seitenfus, professor titular de relações internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria, RS)

Pelos que não pagam impostos
"Fiquei perplexo com as declarações do secretário de Vias Públicas da Prefeitura de São Paulo, dr. Reynaldo de Barros, ao afirmar 'SP faz obras só para quem paga imposto'. A autoridade municipal se refere à paralisação de obras públicas necessárias para proteger os moradores de favelas dos riscos de desmoronamento das suas habitações. A atual gestão desmontou as políticas anteriores destinadas aos moradores em habitações subnormais."
Paulo Teixeira, deputado estadual eleito pelo PT (São Paulo, SP)

"Gostaria de saber quem foi que contou ao sr. Reynaldo de Barros ou ao prefeito que as pessoas que pagam esses impostos exorbitantes preferem ver esses recursos canalizados para obras faraônicas em lugar de proporcionarem um pouco mais de segurança e conforto para os que trabalham."
Sonia M. C. Dietrich (São Paulo, SP)

"É simplesmente inacreditável ouvirmos essas coisas de quem está no poder. Ora, será que o Maluf e o seu grupinho fascista, quando em campanha, fizeram esta discriminação: só vote em mim quem paga imposto?"
Paulo Tavares (São Paulo, SP)

Em outros tempos
"Queremos parabenizar o jornalista Janio de Freitas pelo artigo 'Em outros tempos', publicado recentemente na Folha. Neste momento em que poucas vozes se levantam em defesa da soberania nacional é uma satisfação ler a coluna de Janio de Freitas: um jornalista ético, responsável e brilhante."
Fernando Leite Siqueira, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Rio de Janeiro, RJ)

PT debutante
"Aos 15 anos, o PT debuta para a sociedade, com direito a valsa e champanhe. A trajetória pueril das brincadeiras de roda, ficar-de-mal e ser chato para chamar atenção dá lugar aos primeiros passos da sensatez adulta. Espero que as confusões e dúvidas 'teenagers' não durem muito tempo."
Roberto Cesar Moreno (São Paulo, SP)

Propaganda pra quê?
"A Folha veiculou em 31/01 a matéria 'Governo federal vai mandar cancelar licitação de Furnas', em que trata de irregularidades no processo licitatório para a escolha de uma agência de propaganda para assumir a conta de Furnas, no valor de US$ 6 milhões. Esse jornal, engajado no processo de recuperação deste país, caiu no lugar-comum quando silencia acerca de importante aspecto: por que Furnas tem que fazer propaganda?"
Fernando Brito de A. Maranhão (Recife, PE)

FHC e a educação
"Quero tornar público meu modesto incentivo ao sr. presidente da República em sua cruzada para qualificar a educação no Brasil. Temos um longo caminho a percorrer nesta área, mas precisamos iniciá-lo com determinação. Parabéns, sr. presidente."
Geraldo Majella Teixeira (Curitiba, PR)

"Bonito o discurso de FHC sobre a educação. Bonito, mas inócuo. O real problema da educação brasileira está na sociedade como um todo. O maior papel da escola é na consolidação do caráter social e cultural do aluno. Mas pouco adianta assistir a superproduções em vídeos, na sala de aula, se a criança continuar vivendo em meio à violência, corrupção, miséria."
Lauro Ney Batista (São José dos Campos, SP)

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