São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Só aposentadoria une centrais sindicais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As centrais sindicais CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical e CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) são contra o fim da aposentadoria por tempo de serviço.
As centrais participaram ontem do seminário com ministros sobre reformas. Com exceção da defesa da aposentadoria, nenhuma outra proposta obteve o consenso das três centrais.
A defesa da aposentadoria por tempo de serviço provocou uma intervenção não-prevista no roteiro do ministro da Administração e Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira.
"Eu acho que estão todos loucos", disse o ministro durante o seminário. "Só posso chegar à conclusão que vocês não pensaram direito no assunto", disse. Para ele, as centrais não estão "defendendo os pobres e oprimidos, mas a classe média".
Para comprovar sua tese, utilizou dados apresentados pelo ministro da Previdência Social, Reinhold Stephanes. "O trabalhador rural se aposenta, em média, aos 62 anos e com um salário mínimo", disse Bresser para tentar convencer as centrais de que esta categoria não seria atingida.
Para o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, o argumento não foi suficiente. "No Brasil, a esperança de vida é de 57 anos", afirmou. "Quando o governo pensa em mudar a regra, ele esquece a condição de vida dos trabalhadores".
O presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, por sua vez, disse que a alteração das regras de aposentadoria representa uma quebra do contrato tácito firmado entre o governo e os trabalhadores.
"Não negociamos quebra de contratos", disse Medeiros ao fim do seminário realizado na Esaf (Escola de Administração Fazendária), em Brasília. Já o presidente da CGT, Antônio Francisco, disse que "não se mexe em direitos conquistados".
Medeiros ressaltou que está disposto a negociar. Logo após o seminário, convocou a imprensa para afirmar que a abertura do diálogo com o governo fez com que a Força Sindical decidisse cancelar uma manifestação contra o fim da aposentadoria por tempo de serviço, prevista para ocorrer na sexta-feira na cidade de São Paulo.
FHC gostou. Perguntado sobre qual o resultado prático da reunião, o presidente respondeu: "Perguntem ao Medeiros".
Em documentos entregues ao presidente, Força Sindical e CUT deixaram claro suas diferenças.
A primeira defende a quebra dos monopólios do petróleo e das telecomunicações e o fim das restrições a investimentos de capital estrangeiro. A CUT é contra estas alterações.

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