São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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AZT não funciona em crianças e jovens

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O AZT não é eficaz em crianças e jovens aidéticos. O anúncio foi feito anteontem por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Baylor, em Houston (EUA).
Trata-se de um resultado inesperado já que, até o momento, acreditávamos que o remédio também era eficaz em jovens, disse Anthony Fauci, o todo-poderoso diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas de Bethesda (EUA).
O AZT —sigla do medicamento sintético azidotimidina— era um dos principais recursos para tentar controlar e amenizar os sintomas decorrentes da Aids.
Os resultados foram colhidos entre 839 crianças e adolescentes entre três meses e 18 anos.
Os voluntários foram divididos em três grupos. O primeiro foi tratado com AZT, o segundo com didanosina —ddI— (que atua de modo semelhante ao AZT) e o terceiro com uma combinação dos dois medicamentos.
Segundo ela, os efeitos secundários do medicamento foram mais acentuados no primeiro grupo de estudo.
O estudo definiu a progressão da doença, como problemas no crescimento, novas doenças oportunistas, problemas no sistema nervoso central e até morte. Outra diferença entre os grupos está ligada aos efeitos colaterais, disse Baker, que também é co-autora do trabalho.
As crianças que receberam só o AZT tiveram muito mais anormalidades sanguíneas do que as que foram medicadas com ddI ou com o coquetel das duas drogas.
A pesquisa também apontou contrastes com a situação apresentada nos adultos, onde AZT e ddI têm benefícios e efeitos colaterais semelhantes.
Para Baker, esses resultados indicam que a Aids pode se manifestar diferentemente em adultos e crianças.
Adultos e crianças são diferentes no jeito com que 'lidam' com a doença. A maioria das infecções em crianças ocorre antes que o seu sistema imunológico tenha amadurecido completamente, declarou Baker.
O AZT foi uma das primeiras drogas sintéticas para o tratamento da Aids, e uma das principais formas de evitar a transmissão da doença de mãe para filho (chamada de transmissão vertical).

Dúvidas
Apesar de, em alguns casos, mostrar eficácia, seu uso em adultos ainda é controverso.
O principal golpe contra sua reputação foi desferido pelo estudo anglo-francês Concorde, que concluiu em 1993 que a droga é pouco ou nada eficaz.
Como outros estudos já haviam mostrado, anteriormente, que o medicamento funciona, muitos médicos continuaram a receitá-lo.
Outro problema do AZT são os efeitos colaterais que causa, como náuseas e vômitos. Há vezes em que não compensa utilizar a droga.
A melhor notícia sobre o medicamento veio de um estudo, há alguns meses, que demonstrava que o AZT era capaz de impedir a transmissão do vírus de gestante infectada para filho.

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